O uso dos artigos.
Será que eles são necessários?
Uso dos ARTIGOS
Nas chamadas, a tendência do jornalismo é suprimir os artigos, sobretudo os definidos. Há situações, entretanto, em que os artigos definidos são obrigatórios:
1) Mudança de sentido: “Foi flagrado em prédio da Prefeitura” é diferente de “Foi flagrado no prédio da Prefeitura”. No primeiro caso, a Prefeitura tem pelo menos dois prédios; no segundo, apenas um;
2) Nomes de pessoas: Embora seja um caso facultativo, o melhor é evitar o uso do artigo: “A carreira de Edmundo está ameaçada” (e não “do Edmundo”); “A administração de Marta Suplicy…” (e não “da Marta”). A presença do artigo definido antes dos nomes de pessoas dá um caráter de intimidade;
3) Nomes de cidades: São poucos os que exigem artigo: o Rio de Janeiro, o Porto, o Cairo, o Havre. Quando o nome da cidade é caracterizado por alguma expressão, o artigo se torna obrigatório: “O apresentador passou a infância na pacata Dois Córregos“. Com Recife, o artigo é optativo: “Choveu muito em/no Recife“;
4) Nomes de estados brasileiro: Os que não admitem artigo são: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. Com Alagoas e Minas Gerais, o artigo é optativo, mas o melhor é usar sem artigo. Os demais estados brasileiros exigem o artigo;
5) Nomes de países: Em geral, pedem artigo: o Peru, a Itália, o Brasil, a Argentina, o Chile, a Venezuela, o Uruguai, a Bolívia, o Paraguai, a Espanha, o Gabão, a Alemanha etc. Mas não são poucos os que rejeitam o artigo: Cuba, Marrocos, Israel, Angola, Moçambique, Andorra, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Portugal, São Marino etc.;
6) Possessivos: O artigo é optativo. Em textos jornalísticos, prefere-se sua omissão: “O governador afirmou que a questão está na mão de seus assessores”; “O treinador disse que seu esquema tático depende do adversário”. Atenção: no caso de frases comparativas, em que se subentende a segunda ocorrência do substantivo, o artigo é obrigatório antes do possessivo: “O esquema tático dos argentinos foi melhor do que o nosso“;
7) Enumerações de substantivos que exigem artigo: O artigo é obrigatoriamente repetido: “Neste semestre, o presidente visitará a Espanha, a Itália, o Peru e o Chile“; “O Flamengo precisa derrotar o Vasco, o Palmeiras e o Corinthians“;
8) Adjetivo no superlativo: O artigo é obrigatório: “A atriz será operada por Ivo Pitanguy, o cirurgião plástico brasileiro mais conhecido no exterior” (e não “Pitanguy, cirurgião plástico brasileiro mais conhecido no exterior”);
9) Com horário: O artigo é obrigatório: “As lojas do shopping ficam abertas das 9h às 22h” (e não “de 9h a 22h”). A ausência do artigo muda o sentido. No segundo caso, acaba-se informando o número de horas de funcionamento das lojas;
10) Uso exagerado do artigo indefinido: O artigo indefinido muitas vezes é usado inutilmente: “O prefeito afirmou que no mês que vem encaminhará à Câmara um outro projeto de lei”; “Para ficar no Corinthians, Vampeta exigiu um aumento salarial”. Basta dizer que o prefeito apresentará outro projeto de lei e que Vampeta exigiu aumento salarial. Uma boa maneira de evitar esse abuso é verificar como fica a frase sem o artigo indefinido. Se não fizer falta, deve ser eliminado.
Teste da semana:
Assinale a opção que completa corretamente a frase “Ainda _________ furiosa, mas com __________ violência, proferia injúrias __________ para escandalizar os mais arrojados.”
a) meia / menas / bastantes;
b) meia / menos / bastante;
c) meio / menos / bastante;
d) meio / menos / bastantes;
e) meio / menas / bastantes.
Resposta do teste:
Letra (d). A palavra MEIO, quando se refere a um adjetivo (=furiosa) e significa “mais ou menos, um tanto”, é advérbio de intensidade. Isso significa que é invariável: “Ela estava MEIO furiosa”. A forma “menas” não existe, por isso “MENOS violência”. E a palavra BASTANTE, quando significa “suficiente”, é adjetivo e deve concordar com o substantivo a que se refere: “injúrias bastantes” = injúrias suficientes.