Teoria do Desenvolvimento


  O objecto da psicologia é o estudo científico do comportamento (reacções observáveis) e os processos mentais e da relação entre eles (sentimentos, emoções, fantasias – não podem ser observáveis directamente). A psicologia estuda questões ligadas à personalidade, à memória, à inteligência, ao funcionamento do sistema nervoso, ao comportamento em grupo, ao prazer e à dor...

“Os psicólogos não se limitam à descrição do comportamento. Vão mais além: procuram explicá-lo, prevê-lo e, por último, modificá-lo para melhorar a vida das pessoas e da sociedade em geral.”

A psicologia como ciência independente nos finais do século XIX, quando Wundt funda o primeiro Laboratório de Psicologia Experimental, na Alemanha.



Wundt e o Associacionismo

Wundt vai procurar decompor a mente, a consciência (objectivo), nos seus elementos simples, que são as sensações. Ele defende que os processos mentais, não são mais do que a organização de sensações elementares que se associam, procurando relacioná-las com a estrutura do sistema nervoso.

Para Wundt, o objectivo da psicologia é o estudo da mente, dos processos mentais, da experiência consciente do Homem. No laboratório vai procurar conhecer os elementos constitutivos da consciência, a forma como se relacionam e associam (associacionismo).

Wundt utiliza como método a introspecção controlada (os sujeitos descrevem o que os seus estados subjectivos resultantes de estímulos visíveis, tácteis, etc. ou seja a analise interior feito pelo próprio sujeito – porque é feito em laboratório e uma 3ª pessoa analisa e interpreta aquilo que o sujeito diz as suas sensações). Através da introspecção, os sujeitos experimentais descreviam o que sentiam, os seus estados subjectivos, resultantes de estímulos visuais, auditivos e tácteis.

Wundt com colegas utilizou um metrónomo para descrever as sensações antes (tensão), durante (excitação) e após as batidas (agradável sensação).

A psicologia teria como objectivo a experiência humana, estudada na perspectiva das experiências pessoais através da auto-observação, visando conhecer os seus elementos constituintes: as sensações.



Pavlov e a reflexologia

Pavlov através de uma experiência com um cão, chegou a conclusão de que não só os animais mas também os humanos tinham reflexos inatos e que podiam desenvolver reflexos aprendidos. No decorrer desta experiência sobre os reflexos digestivos , verifica que o cão salivava não só quando via o alimento - reflexo inato - , também perante outros sinais com eles associados, como, por exemplo, os passos do tratador e o som da campainha. Designou este comportamento por reflexos condicionados.

Para Pavlov o espírito não é mais do que uma actividade do cérebro e que é no córtex cerebral que se formam, modificam e desaparecem os reflexos condicionados.

A psicologia devia de tomar o nome de reflexologia, circunscrever-se-ia ao estudo dos reflexos. Os reflexos seriam o fundamento das respostas dos indivíduos aos estímulos provenientes do meio.

Pavlov vai explicar os processos de aprendizagem, destacando-se o estudo sobre a aquisição da linguagem.



Watson e o Behaviorismo

Watson é o pai da psicologia científica, pois cortou com todo o seu passado – concepção e método – e construiu um ramo objectivo experimental da ciência. Watson não nega a existência da consciência, nem a possibilidade de o indivíduo se auto-observar. Defende, contudo, que a análise dos estudos de espírito, bem como a procura das suas causas, só pode interessar ao sujeito no âmbito da sua vida pessoal.

Watson, acha que se pode estudar directamente o comportamento observável, isto é, a resposta (.R) de um indivíduo a um dado estímulo(E) do ambiente.

O psicólogo tenta decompor o seu objecto – o comportamento – nos seus elementos e explicá-los de forma objectiva. Deve recorrer ao método experimental.

Esta concepção de psicologia designa-se por behaviorismo, comportamentalismo, condutismo ou teoria do comportamento.

Noção de Comportamento

Para Watson, a psicologia deveria estudar o comportamento do ser humano desde o nascimento até que morre.

O estudo do comportamento consiste em estabelecer as relações entre os estímulos (conjunto de excitações que agem sobre o organismo, podendo ser qualquer elemento do meio externo – raios luminosos, ondas sonoras – ou modificações internas do organismo – movimentos dos músculos, secreções das glândulas) e as respostas (explicitas - directamente observáveis; implícitas - :não directamente observáveis):





Isto é, para o mesmo estímulo obtemos sempre a mesma resposta

O comportamento é determinado por um conjunto complexo de estímulos que se designa por situação. Para o comportamentalismo, a resposta é tudo o que o animal ou ser humano faz.

O comportamento, isto é, o conjunto de respostas objectivamente observáveis, é determinado por um conjunto complexo de estímulos (situação) provenientes do meio físico ou social em que o organismo se insere.


A resposta está condicionada pela situação ou estímulo


Watson não nega que entre o estímulo e a resposta se passe algo no interior do sujeito. Considerava, contudo, que tal não é objecto da psicologia.

Embora não negue a existência de factores hereditários – para ele, irrelevantes na formação da personalidade do indivíduo.

Para Watson o meio é o factor determinante na personalidade e atitudes, isto é, condiciona o indivíduo.

Conclusão: Segundo os behavioristas, o comportamento do ser humano e o seu desenvolvimento dependem totalmente do meio em que o sujeito se encontra inserido. O sujeito tem um papel passivo no processo de conhecimento e desenvolvimento.





Críticas

deixar de parte a hereditariedade, porque por exemplo um deficiente , quando nasce não é deficiente pelo o que fez mas pelo factor hereditário.

A formula E è R muitas condutas ficam por explicar. Por exemplo, a reacção desencadeada pela sede, eu não bebo porque vejo água mas porque à uma situação interna do meu organismo que desencadeia um conjunto de comportamentos que me permitem atingir o objectivo: beber.



Köhler e o gestaltismo

O gestaltismo ou psicologia da forma, nasce por oposição à psicologia do séc. XIX e critica Wundt.

Köhler defende que a psicologia deveria decompor os processos conscientes nos seus elementos constituintes e enunciar as leis que regem as suas combinações e relações. Os elementos mais simples seriam as sensações que, associadas, somadas constituiriam a percepção.

Os gestaltistas partem das estruturas, das formas: nós percepcionamos configurações, isto é, conjuntos organizados em totalidade. A teoria da forma considera a percepção como um todo. Primeiro percepcionam o total depois analisam os elementos ou dos pormenores.

O todo não é a soma das partes – na realidade estas organizam-se segundo determinadas leis. Os elementos constitutivos de uma figura são agrupados espontaneamente. Esta organização é, segundo o gestaltismo, essencialmente inatos.

A organização das nossas percepção será estudada pelos gestaltistas que enunciam um conjunto de leis.

- Lei da proximidade – perante elementos diversos, temos tendência a agrupar aqueles que se encontram mais próximos.

- Lei da semelhança – perante elementos diversos, temos tendência a agrupar por semelhanças.

- Lei da contiguidade – perante algo inacabado, temos tendência a acabar.

Os gestaltistas criticam Watson porque este diz que todo depende do meio e Köhler acha que as ideias são inatas.



Conclusão: segundo esta concepção, o sujeito é resultado das potencialidades transmitidas por hereditariedade. Existiriam estruturas inatas no sujeito que organizariam a experiência do meio ambiente. O meio desempenha um papel pouco relevante no seu desenvolvimento. Os gestaltistas defendem que o sujeito organiza a experiência do meio a partir das estruturas inatas.





Críticas

Köhler diz que todo depende de estruturas inatas, mas eu acho que a experiência ou aprendizagem pode mudar isso, por exemplo



Freud e a Psicanálise

Até então, a concepção dominante de Homem definia-o como ser racional, que controlava os seus impulsos através da vontade. O consciente, constituído pelas representações presentes na nossa consciência e conhecido pela introspecção, constituía o essencial da vida mental de ser humano.

A grande revolução introduzida por Freud consistiu na afirmação da existência do inconsciente – zona do psiquismo constituída por pulsões, tendências, desejos e medo.

Freud compara o psiquismo humano a um icebergue: a sua parte visível é muito pequena e corresponde ao consciente (imagens, lembranças, pensamento), a parte submersa, que não se vê, do icebergue é a maior e corresponde ao inconsciente, cabendo-lhe um papel determinante no comportamento. O pré-consciente faz a ligação entre o consciente e o inconsciente e corresponde, a zona flutuante de passagem entre a parte visível e a oculta que varia o seu grau de emersão (memórias, fantasias e lembranças).

Recalcamento, defesa do ego que censurar ao enviar para o inconsciente do id as pulsões contrárias às normas do consciente do superego.

Freud formula uma nova teoria das estruturas do aparelho psíquico, onde diz que este se organizava através das instâncias id (regula-se pelo principio do prazer e aparece com o recém-nascido), ego(medidor da realidade externa e como agente da defesa contra a angústia provocada por conflitos internos), superego(directamente envolvido pela realidade e guia-se pelo principio da realidade).

Freud afirmou também que o aparelho psíquico é regido por dois princípios gerais: o princípio do prazer e o princípio da realidade. Ao principio do prazer corresponde o processo primário, que implica uma libertação de energia psíquica sem barreiras, ou seja, à um afastamento da razão guiando-se só pelo prazer ou pela forma mais imediata. O principio da realidade faz com que o aparelho psíquico renuncie à satisfação imediata, em ordem a ter em conta a situação real, garantido um contacto com a realidade.



Sexualidade

A neurologia estavam ligadas a sexualidade, objectivo de múltiplas repressões e obstáculos. A sua origem estaria ligada à experiência traumática ocorrida na infância.

A descoberta da sexualidade infantil levou Freud a modificar as suas noções, distinguindo genital de sexual. A sexualidade não se limita ao acto sexual entre duas pessoas: a sexualidade era toda a actividade pulsional que tende a uma satisfação.



Piaget e o Construtivismo

Piaget vai incidir os seus estudos na área do comportamento intelectual e cognitivo da criança e do adolescente.

Este defende que o conhecimento é um processo dinâmico há permanentemente interacção entre o sujeito e o objecto. Na sua perspectiva, não é possível separar o sujeito do objecto, como não é possível imaginar um organismo vivo independente do meio, este processo de interacção decorre em etapas sequenciais que Piaget designa por estádios de desenvolvimento (sensório-motor vai do nascimento até aos 18 meses; pré-operatório começa com a linguagem e vai até aos 7 anos; operações concretas vai dos 7 aos 12 anos, a criança é capaz de raciocinar sobre objectos manipuláveis; operações formais surge por volta dos 12 anos, a criança é capaz de raciocinar sobre hipóteses, sobre proposições).

Para Piaget, conhecer é agir e transformar os objectos. O conhecimento não se reduz ao simples registo feito pelo sujeito dos dados já organizados no mundo exterior. O sujeito apreende e interpreta o mundo, através das suas estruturas cognitivas. Mas o sujeito não se encontra apetrechado com estruturas inatas. Essas estruturas são formadas graças à actividade do sujeito no contacto com o meio que está em devir permanente. O processo de conhecimento é o processo de construção de estruturas.

Piaget utiliza a observação naturalista para observar naturalmente as pessoas no seu meio, isto é, no meio em estão habituadas a frequentar e o método clínico tenta-se compreender um caso clinico concreto.
Conclusão: o comportamento do indivíduo, a inteligência, resulta de uma construção progressiva do sujeito em interacção com o meio.


Críticas

os gestaltismo pelo papel passivo que atribuem ao sujeito e por não apresentarem uma perspectiva genética do conhecimento.


Refuta radicalmente a concepção behaviorista, dado que consiste que o comportamento não pode ser explicado pela formula EèR. O sujeito é activo, atribuindo significados aos estímulos. A uma visão associacionista contrapôs uma concepção construtivista através do processo de assimilação (da experiência à mente)/acomodação (da mente à nova experiência).



Evolução do conceito de comportamento

As situações do dia-a-dia, vividos ou observados por ti servem para pôr em causa o rigoroso determinismo estímulo-resposta defendido pelos behavioristas.

Perante uma mesma situação, é grande a possibilidade de surgirem respostas, reacções diferentes, Por exemplo, quando ocorre um acidente (S), as respostas dos sujeitos que o presenciam não são as mesmas: um pode socorrer a vítima (RI), outro procurar um telefone para pedir assistência (R2), outro, impressionado, afastar-se do local (R3), etc.

Além disso, o mesmo sujeito, perante a mesma situação, pode, em momentos diferentes, comportar-se de forma distinta.

Por outro lado, situações diferentes podem desencadear o mesmo tipo de resposta: uma criança pode chorar (R) porque caiu (Sl), porque a mãe lhe recusou um gelado (S2), porque perdeu um brinquedo (S3)...

Uma das criticas mais contundentes ao conceito dos behavioristas foi apresentado por Piaget que propunha uma interpretação mais dinâmica do comportamento.
Para estes psicólogos, o comportamento é a manifestação de uma Personalidade (P) numa dada situação (S). O esquema explicativo que propõem é mais adequado aos comportamentos humanos, dado que tem em conta quer as determinantes do meio quer a personalidade do sujeito.

O comportamento depende da interacção entre a situação e a personalidade do sujeito.   A dupla seta, reflecte o carácter dinâmico da relação: não se pode encarar a personalidade independentemente da situação. Produto de um processo complexo, no qual intervêm factores internos e externos, a personalidade constrói-se no contexto do meio, nas diferentes situações vividas pelo sujeito. Por outro lado, o modo como a situação é encarada, interpretada, depende também da personalidade e das experiências anteriores do indivíduo.

O que é importante para explicar um comportamento é o modo como o indivíduo integra os dados da situação, tendo em conta a sua personalidade e a sua experiência.




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