01.1. ABELHAS SOLITÁRIAS
São as que vivem sozinhas e morrem antes que seus filhos atinjam a fase adulta. Constróem ninhos no chão, em fendas de pedras e árvores, em madeira podre ou em ninhos abandonados por outros insetos. Normalmente as fêmeas fecundadas preparam cuidadosamente o ninho, suprem cada célula com uma quantidade adequada de alimento preparado a base de pólen e mel e colocam o ovo sobre essa camada de alimento. A seguir, cobrem cada célula, fecham o ninho por fora e vão embora.
01.2. ABELHAS PARASITAS
São um tipo de abelha que se utiliza apenas do trabalho e do alimento que o hospedeiro (abelha) armazenou. Na maioria dos casos, a abelha parasita invade os ninhos, coloca seus ovos nas células já prontas e providenciadas pelo hospedeiro e deixa que seus filhos se desenvolvam aos cuidados deste. Em alguns casos, a parasita passa a conviver com o hospedeiro e pode, até mesmo, desenvolver algum tipo de trabalho em conjunto.
Um outro tipo de parasitismo interessante é encontrado num gênero de abelhas (Lestrimelitta, conhecida popularmente por abelha-limão) socialmente bem evoluídas. As espécies deste grupo (duas) constróem seus próprios ninhos, porém, o material de construção são roubados de outros ninhos de espécies afins, como jatitubiba, abelha-canudo, etc. Essas abelhas saem em grande número - pois suas colônias chegam a ter milhares de indivíduos - invadem o ninho das outras e daí levam o material que necessitam. Esses ataques duram, às vezes, vários dias e acabam morrendo muitas delas.
Outro aspecto é que essas parasitas passam a defender o ninho conquistado contra pilhagens ou parasitas secundários enquanto levam o material roubado. As abelhas-limão são tão bem adaptadas a este tipo de comportamento que sequer possuem as corbículas (órgão situado no último par de pernas destinado a coleta de pólen).
02. A IMPORTÂNCIA DAS ABELHAS
As abelhas são, sem dúvida, os insetos de maior utilidade para o homem. Dizemos, para o homem, porque na natureza todos os seres são úteis e tem sua razão de ser, fazendo parte de um contexto geral, no qual o próprio homem tem o seu lugar.
Elas vivem em sociedade, são extremamente organizadas e produtivas. Além de produtora de alimentos, de ser o principal agente polinizador das flores, aumentando a produção de frutos e sementes, a abelha é uma educadora.
Todas as pessoas, desde crianças até os idosos devem aprender a lidar com as abelhas ou ao menos entender um pouco como vive esta sociedade. Nesse manejo, as pessoas aprendem a se organizar e a trabalhar em cooperativismo, como elas fazem.
São Insetos Sociais, porque conseguiram atingir certo grau de desenvolvimento, agrupando-se em comunidades, nas quais existe nítida distribuição dos trabalhos e responsabilidade entre os indivíduos. Todos contribuindo para um fim comum: a sobrevivência do grupo.
Polinização é o transporte do pólen dos estames de uma flor até a parte feminina de outra; deste modo, obtêm-se as sementes que produzirão uma nova planta. Em alguns casos, o pólen é transportado pelo vento, mas há plantas que dependem dos animais, especialmente insetos, para que ocorra a polinização. As abelhas são um dos insetos polinizadores mais importantes, já que visitam muitas flores. Quando pousam sobre uma flor, seu corpo fica coberto de pólen e, ao visitar a flor seguinte, parte do pólen se desprende, polinizando a planta.
As abelhas são muito importantes para a agricultura. Muitas plantas que cultivamos, e sobretudo as árvores frutíferas (ex: macieira) dependem dos insetos para sua polinização. Algumas vezes, até colméias artificiais são instaladas perto das plantações para favorecer a fecundação e, deste modo, contribuir para a obtenção de uma colheita mais rica e abundante.
As abelhas, porém, fazem a polinização das flores e ainda nos fornecem cera, geléia real, mel, pólen e própolis. Todos os produtos são muito aproveitados como alimento natural ou com finalidades medicinais de prevenção e cura.
03. A RAINHA E O VÔO NUPCIAL
03.1. A RAINHA
A rainha é a personagem central e a mais importante da colméia. Afinal, é dela que depende a harmonia dos trabalhos da colônia, bem como, a reprodução da espécie. Seus movimentos são lentos e solenes, sempre circundada por uma corte de operárias que a servem, alimentando-a com a geléia real.
A abelha rainha de uma colméia é facilmente identificada, por ser ela visivelmente mais longa (maior), o tamanho da rainha é quase duas vezes o das operárias e também é maior que o zangão, vive cerca de 3 a 6 anos. No entanto a partir do terceiro e quarto ano a sua fecundidade decai. A sua única função, do ponto de vista biológico, é a postura de ovos, já que ela é a única abelha feminina com capacidade de reprodução. Mas a abelha rainha desempenha um importante papel do ponto de vista social: Ela é responsável pela manutenção do chamado “Espírito da Colméia”, ou seja, pela harmonia e ordenação dos trabalhos da colônia. Consegue manter este estado de harmonia produzindo uma substância especial denominada ferormônio, a partir de suas glândulas mandibulares que é distribuída para todas as abelhas da colméia, a qual impede o desenvolvimento sexual feminino das operárias, impossibilitando-as de se reproduzirem. É por esse motivo que em uma colônia tem sempre uma única rainha. Caso apareça outra rainha na colméia, ambas lutarão até que uma morra.
Na verdade, a rainha nada mais é do que uma operária que atingiu sua maturidade sexual. Ela nasce de um ovo fecundado e é criada numa célula especial, diferente dos alvéolos hexagonais que formam os favos. A rainha é criada numa cápsula chamada “realeira”, na qual é alimentada pelas operárias com a geléia real, produto riquíssimo em proteínas, vitaminas e hormônios sexuais. É preciosamente, esta “superalimentação” que a tornará uma rainha, diferenciando-a das operárias. A geléia é o único e exclusivo alimento da abelha rainha, durante toda a sua vida.
A abelha rainha leva de 15 a 16 dias para nascer e, a partir daí é acompanhada por muitas operárias, as quais são encarregadas de garantir sua alimentação e seu bem estar. Após o quinto dia de vida, a rainha começa a fazer vôos de reconhecimento em torno da colméia. E a partir do nono dia, ela já está preparada para realizar o seu vôo nupcial, quando então, será fecundada pelos zangões. A rainha escolhe dias quentes e ensolarados, sem ventos fortes, para realizar o vôo nupcial.
03.2. O VÔO NUPCIAL
Somente os zangões mais fortes e rápidos conseguem alcança-la após detectar o ferrormônio. Localizada a “princesa”, dá-se início à cópula. No entanto, os vários zangões que conseguirem, terão morte certa e rápida, pois seus órgãos genitais ficarão presos ao corpo da rainha, que continuará a copular com quantos zangões forem necessários para encher a sua “espermoteca”. Em média a rainha é fecundada por 8 a 10 zangões. Este sêmen, coletado durante o vôo nupcial, será o mesmo durante toda sua vida. Nesta fase a rainha fica na condição de hermafrodita.
O vôo nupcial que a rainha faz é o único de sua vida. Ela jamais sairá novamente da colméia, a não ser para acompanhar parte de um enxame que abandona uma colméia, para formar uma nova. Ao regressar de seu vôo nupcial, a rainha se apresenta bem maior e mais pesada. Passará a ser tratada com atenção especial por parte das operárias, que a alimenta com a geléia real e cuidam de sua higiene. Se a jovem rainha for devorada por um pássaro durante seu vôo nupcial, sua colméia de origem fica irremediavelmente fadada a extinção.
Uma ocasião grave é quando elas percebem que a mãe de todas já não tem a mesma energia . Sendo uma família forte, decididamente não se permite enfraquecer. Então concluem que é hora de chamar à visa uma nova rainha. Numa colméia forte sempre há realeiras (cápsulas onde nascem as abelhas) em construção: é uma questão de sobrevivência no caso de algum acidente acontecer com a rainha. Sendo esta, porém, prolífica, não é permitido a estas realeiras desenvolverem-se normalmente (a não ser nestas ocasiões especiais). Neste caso, uma rainha cuja energia se acaba é sinal para as realeiras seguirem seu curso. Tendo garantida uma ou mais princesas em formação, é necessário eliminar a velha mãe. Uma abelha comum nunca ferroa uma rainha; ela sequer lhe dá as costas. Assim são obrigadas a usar uma maneira formal, uma bola em torno da rainha velha, e ali, vão sufocando-a até a morte; a rainha, compreendendo sua sina, não procura resistir. Terminada esta etapa, começam a nascer as novas princesas. Só pode haver uma rainha na colméia e a primeira que emerge logo procura as outras realeiras para as destruir. Se duas nascem simultaneamente, lutam entre si e vence a que for mais forte. A única sobrevivente segue seu curso normal, para se tornar mais uma rainha completa. É interessante que neste momento toda a família dependa de um único indivíduo para sua sobrevivência.
Outra situação diferente é quando uma colméia se torna pequena para a população das abelhas e não há mais espaço para trabalhar. Um grupo de operárias começa a construir várias realeiras onde a rainha é levada a depositar ovos fecundados. Passado o período normal de incubação a primeira princesa nasce e seu instinto básico força a tentar destruir as outras realeiras ainda não abertas.
A rainha também não aceita a presença da princesa, mas as operárias já decidiram que outras princesas devem nascer; e o objetivo não é substituir a mestra, e sim dividir a família em um ou mais enxames, portanto não permitem as lutas naturais.
Depois que as princesas nascem, um grupo de operárias dirige-se aos reservatórios de mel e enchem seus estômagos até não caber mais uma gota. Este grupo, normalmente bem numeroso, prepara-se para partir. Por algum mecanismo desconhecido convocam a rainha para a viagem. Logo sai da colméia uma nuvem de abelhas, a rainha entre elas e alguns zangões. O enxame não vai muito longe. Pousa em alguma árvore ali por perto, e algumas abelhas mais experientes, na qualidade de batedoras, partem em busca de um novo local para habitar.
Quando as abelhas escoteiras retornam há um “conselho” para decidir qual o rumo a tomar. Uma vez tomada a decisão elas partem para um vôo mais longo. O enxame pode ainda parar outras vezes. Às vezes, o local escolhido não agrada ao grupo, que então aguarda por ali, para que nova pesquisa seja feita. Se um apicultor tentar colocar este “enxame voador” em uma caixa, ele poderá ou não aceitar a moradia, dependendo das informações trazidas pelas escoteiras.
Enquanto isso, a colméia-mãe pode decidir por lançar outros enxames, desta vez acompanhados por rainhas virgens, ou ficar como está. Esses enxames posteriores ao primeiro em geral são menos numerosos e têm menos condições de sobreviver. É muito comum a colméia ficar com poucas abelhas, chegando perto de se acabar, ainda mais as que contam com apenas uma chance de ficar sem rainha.
Quando o grupo encontra o lugar adequado, começa a construção do novo ninho. As abelhas engenheiras escolhem então o ponto mais central que pode ser chamado de teto; ali, formam um bolo e começam a gerar calor usando a reserva de mel que trouxeram no papo. As abelhas que ficaram no centro da bola, encarregam-se de produzir a cera e logo é possível visualizar uma fina folha de cera vertical se formando. Em seguida, algumas abelhas iniciam a construção dos alvéolos hexagonais, de ambos os lados da lâmina, seguindo uma intrincada arquitetura que aproveita todos os espaços e ângulos da melhor maneira possível.
Os alvéolos são construídos de forma a terem uma leve inclinação para cima, evitando que seu conteúdo escorra para fora.
Na construção dos favos as abelhas encostam-se uma nas outras pelas patas e começam a secretar e mastigar pequenas escamas de cera, pouco depois, amoldam até completar o favo.
04. COMO NASCEM AS ABELHAS
Três dias após a fecundação, a abelha rainha começa a desovar, botando um ovo em cada alvéolo. Uma rainha pode botar cerca de três mil ovos por dia. Durante o seu ciclo, as abelhas passam por quatro etapas muito diferenciadas. São elas:
• Ovo;
• Larva;
• Ninfa;
• Adulto.
Assim, como as borboletas sofrem uma metamorfose, as larvas são muito diferentes dos adultos e seu corpo sofre mudanças muito importantes durante seu desenvolvimento. Os ovos são formados nos dois ovários da rainha e ao passarem pelo oviduto podem ou não serem fertilizados pelos espermatozóides armazenados. Os ovos fertilizados, dão origem as abelhas operárias e os dos não fertilizados, nascerão os zangões. Este fenômeno (do nascimento dos zangões a partir de ovos não fecundados) é conhecido cientificamente como partenogênese. Portanto, o zangão, nasce sempre puro de raça, por originar-se de ovo não fecundado.
É interessante saber como a abelha rainha determina quais os ovos que serão fertilizados (que darão origem as operárias), e quais os que originarão os zangões. O processo é assim: as abelhas constróem alvéolos de dois tamanhos: um menor, destinado a criação de larvas de operárias, e outro maior, onde nascerão os zangões. Antes de ovular, a abelha rainha mede as dimensões do alvéolo com suas patas dianteiras.
Constatando ser um alvéolo de operária, a rainha, ao introduzir seu abdômen para realizar a postura, comprime sua espermoteca, liberando assim, espermatozóides que irão fecundar o ovo que será depositado no alvéolo. Caso a rainha verifique que o alvéolo é destinado a zangões, ela simplesmente introduz o abdômen no alvéolo, sem comprimir sua espermática, depositando assim, um ovo não fecundado.
É importante que o apicultor saiba destas diferenças porque, caso o lote de esperma presente na espermática da rainha se esgote, todas as abelhas nascerão de ovos não fecundados, dando origem somente a zangões. Neste caso, o apicultor deverá substituir imediatamente sua rainha, para evitar que a colônia desapareça pela falta de operárias, que garantem alimentação, higiene e demais serviços da colméia.
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