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Gramática - Português



A gramática, a morfologia e a sintaxe do idioma português é semelhante à gramática das demais línguas românicas, especialmente à do espanhol e ainda mais à do galego. O português é um idioma relativamente sintético e flexivo.112 113

Substantivos, adjetivos, pronomes e artigos são moderadamente flexionados: existem dois gêneros (masculino e feminino) e dois números (singular e plural). O caso gramatical da sua língua ancestral, o latim, foi perdido, mas os pronomes pessoais são ainda divididos em três tipos principais de formas: sujeito, objeto do verbo e objeto da preposição. A maioria dos substantivos e adjetivos pode levar muitos sufixos diminutivos ou aumentativos derivacionais e a maioria dos adjetivos podem ter sufixo derivacional "superlativo". Os adjetivos normalmente seguem o substantivo.112 113

Os verbos são altamente flexionados: existem três tempos (passado, presente e futuro), três modos (indicativo, subjuntivo, imperativo), três aspectos (perfectivo, imperfectivo e progressiva), duas vozes (ativa e passiva) e um infinitivo flexionado. Tempos mais que perfeitos e imperfeitos são sintéticos, totalizando 11 paradigmas de conjugação, enquanto todos os tempos progressivos e construções passivas são perifrásticos. Como em outras línguas românicas, existe também uma construção impessoal passiva, onde o agente substituído por um pronome indefinido. O português é basicamente uma língua SVO, embora a sintaxe SOV possa ocorrer com alguns poucos pronomes e a ordem das palavras geralmente não seja tão rígida quanto no inglês, por exemplo. É uma linguagem de sujeito nulo, com uma tendência de queda dos objetos de pronomes, bem como das variedades coloquiais. O português tem dois verbos de ligação.112 113

A língua portuguesa tem várias características gramaticais que a distinguem da maioria das outras línguas românicas, como um pretérito mais-que-perfeito sintético, verbo no futuro do subjuntivo, infinitivo flexionado e um presente perfeito com um sentido iterativo. Um recurso exclusivo do idioma português é a mesóclise, a infixação de pronomes clíticos em algumas formas verbais.112 113

Quando há mais de uma resposta correta no uso da crase - Crase - Uso da crase - Dicas de Português, Língua Portuguesa, Matéria Português, Português



Veja quando há mais de uma resposta correta no uso da crase

1. Vou à ou a minha casa?

Tanto faz. É um caso facultativo. Pode haver crase ou não. A diferença é a presença do pronome possessivo minha antes da casa. Antes de pronomes possessivos é facultativo o uso do artigo; sendo assim, facultativo também será o uso do acento da crase: “Vou a ou à minha casa.”; “Fez referência a ou à tua empresa.”; “Estamos a ou à sua disposição.”

O uso do acento da crase só é facultativo antes de pronomes possessivos femininos no singular (=minha, tua, sua, nossa, vossa).

Se for masculino, não há crase: “Ele veio a ou ao meu apartamento”; “Estamos a ou ao seu dispor.”

Se estiver no plural,

a)  haverá crase (preposição a + artigo plural as): “Fez referência às minhas ideias.”; “Fez alusão às suas poesias.”

b) não haverá crase (preposição a, sem artigo definido): “Fez referências a minhas ideias.”; “Fez alusão a suas ideias.”

2.    Ele se referiu à ou a Cláudia?

Tanto faz. É outro caso facultativo.

Antes de nomes de pessoas, o uso do artigo definido é facultativo. Portanto, em se tratando de nome de mulher, pode ou não ocorrer a crase.

Quando se trata de pessoas que façam parte do nosso círculo de amizades, com as quais temos uma certa intimidade, usamos artigo definido. Isso significa que devemos usar o acento da crase: “Refiro-me à Cláudia.” (=pessoa amiga)

Quando se trata de pessoas com as quais não temos nenhuma intimidade, não há o acento da crase porque não usamos artigo definido antes de nomes de pessoas desconhecidas ou não amigas: “Refiro-me a Cláudia.” (=pessoa desconhecida ou não amiga)

Antes de nomes próprios de pessoas célebres não se usa artigo definido. Isso significa que não haverá acento da crase: “Ele fez referência a Joana d’Arc.”; “Fizeram alusão a Cleópatra.”


VOCÊ SABE…

…qual é a origem das palavras anfiteatro e apogeu? E de onde vem a expressão “entrar com o pé direito”?

1. Anfiteatro é uma palavra de origem grega. Juntamos o teatro, que já conhecemos, com “anfi”, que quer dizer “dois”.

É interessante lembrarmos os anfíbios, que são aqueles animais de “duas vidas” (anfi+bio), porque vivem na terra e na água.

O teatro tradicional é aquele em que temos o palco para apresentações e à sua frente fica a plateia. Ao juntarmos dois teatros, temos um anfiteatro. Portanto, um anfiteatro é um teatro onde o público fica dos dois lados. O anfiteatro pode ser oval ou circular, com palco ou estrado e arquibancadas, para representações teatrais, aulas, palestras ou demonstrações. O Coliseu de Roma é um dos melhores exemplos de anfiteatro, daí o seu nome “colosso de Roma”.

Hoje em dia, as praças de touros e os estádios de futebol poderiam ser chamados de anfiteatros.

2. Apogeu, no sentido figurado, quer dizer o mais alto grau. Uma pessoa pode atingir o apogeu da sua carreira; um império, o apogeu do seu domínio. O sentido figurado está bem próximo do original.

Apogeu vem do grego e significa o ponto mais distante de um astro em relação à Terra. É a junção de “apo” (=afastamento, distante) com “geo” (=Terra). Daí a geografia, que descreve a Terra; e a geologia, que estuda a terra, o solo. Apogeu significa, portanto, “distante da Terra”. É o ponto da órbita de um astro em que ele atinge o afastamento máximo em relação ao nosso planeta.

3. Metaforicamente, um astro do futebol e uma estrela do cinema atingem o apogeu quando chegam ao ponto mais alto de suas carreiras.

Mesmo quem se considera livre de qualquer superstição às vezes se sente tentado a dar uma “ajudinha” ao destino. Afinal, o que custa, por exemplo, entrar com o pé direito numa sala onde uma decisão importante está para ser tomada?

Se você sofre esse tipo de sensação, está em boa companhia. O costume de entrar com o pé direito num lugar para evitar o mau agouro vem dos imperadores romanos, que exigiam que seus convidados usassem esse pé para entrar em seus salões.

A superstição “pegou” de tal forma que Santos Dumont, que era um gênio e portanto com direito a mais excentricidades do que qualquer mortal, chegou a construir em sua casa em Petrópolis uma escada onde só é possível subir ou descer com o pé direito, isto é, começando com o pé direito.



Dúvida dos leitores

“Qual é a forma correta: Não se deve ou devem cruzar os braços à espera de soluções?”

Existem autores que defendem as duas formas. Afirmam que o verbo no singular caracteriza uma indeterminação do sujeito.

Num concurso público ou numa prova de exame vestibular, entretanto, devemos seguir a gramática tradicional, que considera a partícula “se” apassivadora. Nesse caso, a frase está na voz passiva sintética e “os braços” é o sujeito. Assim sendo, o verbo deve concordar no plural: “Não se devem cruzar os braços…”, ou seja, “os braços não devem ser cruzados…”

O DESAFIO:

Qual é o significado de hidrofilia?

a)    raiva, tipo de doença contagiosa;

b)    absorvente, amigo da água;

c)    tratamento pela água do mar.



Resposta: letra (b). Hidro (água)+filia (amigo) = o algodão é hidrófilo porque absorve a água, é “amigo da água”.

Crase - Uso da Crase quando há (ou não) crase - Gramática - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Vendeu ‘a vista’ ou ‘à vista’? Veja se a crase está correta nesse caso

Vendeu a ou à vista?

Se alguém “vendeu a vista”, deve ter vendido “o olho” (a vista = objeto direto). O desespero era tanto, que um vendeu o carro, o outro vendeu o rim e esse vendeu a vista.

Se não era nada disso que você queria dizer, então a resposta é outra: “vendeu à vista”, e não a prazo (à vista = adjunto adverbial de modo).

Observe que nesse caso não se aplica o “macete” da substituição do feminino pelo masculino (à vista > a prazo).

Por causa disso, há muita polêmica e algumas divergências entre escritores, jornalistas, gramáticos e professores.

Acentuamos o “a” que inicia locuções (adverbiais, prepositivas, conjuntivas) com palavra FEMININA: à beça; à beira de; à cata de; à custa de; à deriva; à direita; à distância; à espreita; à esquerda; à exceção de; à feição de; à força; à francesa; à frente (de); à luz (“dar à luz um filho”); à mão; à maneira de; à medida que; à mercê de; à míngua; à minuta; à moda (de); à noite; à paisana; à parte; à pressa; à primeira vista; à procura de; à proporção que; à queima-roupa; à revelia; à risca; à semelhança de; à tarde; à toa; à toda; à última hora; à uma (=conjuntamente); à unha; à vista; à vontade; às avessas; às cegas; às claras; às escondidas; às moscas; às ocultas; às ordens; às vezes (=algumas vezes, de vez em quando)…

As locuções adverbiais indicam lugar, tempo, modo…

“Entrou à direita.”

“Está à distância de um metro.” (=adjuntos adverbiais de lugar);

“Só voltará à tarde.”

“À última hora, desistiu.” (=adjuntos adverbiais de tempo);

“Saiu andando à toa.”

“Falou tudo às claras.” (=adjuntos adverbiais de modo).

Nas locuções prepositivas, só haverá o acento grave com palavras femininas: à custa de, à procura de, à mercê de, à moda de…

Não há acento grave em locuções com palavras masculinas:

“Falávamos a respeito do jogo de ontem.”

As duas locuções conjuntivas (=ligam orações) dão ideia de “proporção”:

“A sala fica cheia à proporção que os convidados vão chegando.”

“À medida que o tempo passa, ele fica mais irresponsável.”



VOCÊ SABE…



…qual é a origem da gravata? E de onde vem a expressão “conto do vigário”?

Os reis da França, principalmente os Luíses, entraram para a História com a fama, entre outras coisas, de vaidosos. Foi um Luís da França, mais precisamente Luís XIV, quem lançou a moda da gravata. Em 1660, um grupo de guerreiros do Royal Cravate, da Croácia, foi apresentado ao rei. Eles usaram para a ocasião uma tira de tecido amarrada no pescoço. Luís XIV gostou da novidade e adotou. Como tudo que o rei fazia era imitado pelos súditos, todos passaram a usar a tira de pano dos “cravates”, ou croácios, de onde surgiu o nome “gravata”.

Quando alguém é vítima de uma malandragem, de um engodo, diz que lhe passaram um conto do vigário.

A expressão é bem brasileira. Dizem que é mineira de Ouro Preto.

Segundo a primeira versão, tudo começou quando os espanhóis doaram uma imagem de Nosso Senhor dos Passos para a cidade. Dois padres, um da igreja de Nossa Senhora do Pilar, outro da de Nossa Senhora da Conceição, queriam a imagem em suas respectivas igrejas. Como não havia como julgar o merecimento, o padre do Pilar sugeriu uma maneira de resolver o conflito: colocar a imagem em cima de um burro, no meio do caminho entre as duas igrejas. A Nossa Senhora ficaria na igreja para onde o burro se dirigisse.

A sugestão foi aceita, e o burro levou a imagem para a igreja do Pilar. Se você está lembrado, essa era a igreja do padre que fez a sugestão. Mais tarde, descobriu-se que o tal padre também era dono do burro. Quer dizer que ele passou um conto do vigário no concorrente.

Essa versão pode ser a mais curiosa, mas provavelmente não é verdadeira.

Existiria outra lenda a respeito da imagem. Consta que ela foi trazida da Corte do Rio de Janeiro a Vila Rica em lombo de burro. Quando a caravana passou ao lado da igreja-matriz de Nossa Senhora do Pilar (inaugurada em 1733), o burro “empacou” e não houve jeito de fazer o animal prosseguir. Impressionados com a teimosia do bicho, os doadores concluíram que a bela imagem deveria ficar na matriz do Pilar, o que realmente aconteceu.

Há uma outra versão que me foi enviada por um leitor: “Conta-se que, com a chegada da família imperial portuguesa ao Brasil, diversos nobres a acompanharam. Ficou famosa a história de um nobre que se dizia herdeiro de um rico vigário português que havia falecido em Portugal. Apesar de sua condição de rico herdeiro, toda sua fortuna estaria ainda em Portugal. Enquanto aguardava sua chegada, frequentava festas, morava e comia de graça, tudo por conta da chegada da herança. Meses se passaram e as desculpas se sucediam, até o seu desaparecimento, deixando inúmeras dívidas e empréstimos não pagos. Todos os que acreditaram em sua história, caíram no “conto do vigário” e aquele que aplica golpes similares passou a ser chamado de vigarista.”

Vejamos o que observa um outro leitor: “Desde muito cedo, tive a curiosidade aguçada, perguntando-me o que teria a expressão conto do vigário a ver com o vigário ou o padre, propriamente. A pesquisa me levou a vicariu, do latim, que em português deu vicário e vigário. A primeira significa “o que faz as vezes de outrem ou de outra coisa”. A segunda, para o mestre Aurélio, é “o padre que faz as vezes do prelado”. Continua, portanto, presente a ideia de substituição. Consigna ainda o Prof. Aurélio por inteiro a expressão conto do vigário, no qual o termo vigário entra com todo o seu conteúdo de substituição.”

Espero que não seja eu quem tenha caído no conto do vigário. Será que existem mais versões ainda? É lógico que seria importante conhecer a verdadeira origem do conto do vigário, mas confesso que, quando o assunto é etimologia, não sei se o mais delicioso é encontrar a verdade ou ouvir tão curiosas versões.

Uso correto de cada uma das formas dos ‘porquês’ - PORQUE, POR QUE, PORQUÊ ou POR QUÊ? - MAL ou MAU? - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa


Entenda o uso correto de cada uma das formas dos ‘porquês’

O que mudou quanto ao uso dos PORQUÊS.
Alguns esqueminhas que visam tirar dúvidas ortográficas:



Caso 1 – PORQUE, POR QUE, PORQUÊ ou POR QUÊ?



1)    PORQUE é conjunção causal ou explicativa:

“Ele viajou, porque foi chamado para assinar contrato.”

“Ele não foi, porque estava doente.”

“Abra a janela porque o calor está insuportável.”

“Ele deve estar em casa porque a luz está acesa.”



2)    PORQUÊ é a forma substantivada (=antecedida de determinativo: artigos “o”, “um” ou pronomes “este”, “aquele”…):

“Quero saber o porquê da sua decisão.”

“A professora quer um porquê para tudo isso.”

“Ninguém entendeu aquele porquê.”



3)    POR QUÊ = antes de pausa, no fim de frase:

“Parou por quê?”

“Ele não viajou por quê?”

“Se ele mentiu, eu queria saber por quê.”

“Eu não sei por quê, mas a verdade é que eles se separaram.”

“Quero saber por quê, onde e quando?”



4)    POR QUE

a)    em frases interrogativas diretas ou indiretas:

“Por que você não foi?” (=pergunta direta)

“Gostaria de saber por que você não foi.” (=pergunta indireta)

b)    quando for substituível por POR QUAL, PELO QUAL, PELA QUAL, PELOS QUAIS, PELAS QUAIS:

“Só eu sei as esquinas por que passei.” (=pelas quais)

“É um drama por que muitos estão passando.” (=pelo qual)

“Desconheço as razões por que ela não veio.” (=pelas quais)

c)    quando houver a palavra MOTIVO antes, depois ou subentendida:

“Desconheço os motivos por que a viagem foi adiada.” (=pelos quais)

“Não sei por que motivo ele não veio.” (=por qual)

“Não sei por que ele não veio.” (=por que motivo – por qual motivo).



Caso 2 – MAL ou MAU?



1)    MAU é um adjetivo e se opõe a BOM:

“Ele é um mau profissional.” (x bom profissional);

“Ele está de mau humor.” (x bom humor);

“Ele é um mau caráter.” (x bom caráter);

“Tem medo do lobo mau.” (x lobo bom);



2)    MAL pode ser:

a)    advérbio (=opõe-se a BEM):

“Ele está trabalhando mal.” (x trabalhando bem);

“Ele foi mal treinado.” (x bem treinado);

“Ele está sempre mal-humorado.” (x bem-humorado);

“A criança se comportou muito mal.” (x se comportou muito bem);

b)    conjunção (=logo que, assim que, quando):

“Mal você chegou, todos se levantaram.” (=Assim que você chegou);

“Mal saiu de casa, foi assaltado.” (=Logo que saiu de casa);

c)    substantivo (=doença, defeito, problema):

“Ele está com um mal incurável.” (=doença);

“O seu mal é não ouvir os mais velhos.” (=defeito).



1. S ou SS ou Ç? Terminações: -SÃO ou -SSÃO ou -ÇÃO?

1.1. Substantivos derivados de verbos terminados em -GREDIR, -MITIR e -CEDER >> -SSÃO.

agredir >> agressão

progredir >> progressão

regredir >> regressão

admitir >> admissão

demitir >> demissão

omitir >> omissão

ceder >> cessão

conceder >> concessão

suceder >> sucessão



1.2. Substantivos derivados de verbos terminados em -ENDER, -VERTER e -PELIR >> -SÃO.

apreender >> apreensão

compreender >> compreensão

pretender >> pretensão

converter >> conversão

reverter >> reversão

subverter >> subversão

expelir >> expulsão

impelir >> impulsão

repelir >> repulsão



1.3. Substantivos derivados dos verbos TER e TORCER >> -ÇÃO.

ater >> atenção

reter >> retenção

deter >> detenção

Plural - Você sabe qual é o plural de ‘mulherzinha’? E de ‘balãozinho’? - Gramática - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Você sabe qual é o plural de ‘mulherzinha’? E de ‘balãozinho’?

1. “Mulherzinhas ou mulherezinhas?”

O plural das palavras cujo diminutivo é feito com o sufixo “zinho” deve obedecer à seguinte regra: 1o) pôr a palavra primitiva no plural (sem o “s”); 2o) acrescentar o sufixo “zinho” mais o “s”.

Observe o esquema: papelzinho – papei+zinho+s = papeizinhos; balãozinho – balõe+zinho+s = balõezinhos; animalzinho – animai+zinho+s = animaizinhos; florzinha – flore+zinha+s = florezinhas.

Assim sendo, segundo a regra, o plural de mulherzinha seria mulherezinhas (mulhere+zinha+s).

Devido ao uso consagrado, entretanto, é aceitável também a forma mulherzinhas. Isso vale para as palavras terminadas em R: florezinhas ou florzinhas, mulherezinhas ou mulherzinhas, barezinhos ou barzinhos, melhorezinhos ou melhorzinhos…



2. “Luzinhas ou luzezinhas?”

No caso das palavras luzinha e cruzinha, o sufixo para o diminutivo é “inho” (a letra “z” pertence à raiz da palavra). Não se aplica, portanto, a regra acima. Basta pôr a desinência “s”: luzinhas e cruzinhas.



3. “Ultrasonografia tem um ou dois esses?”

Segundo o novo acordo ortográfico, quando usamos prefixos dissílabos terminados em vogal (auto, contra, extra, anti, sobre, mini, tele, micro, ultra…), só usamos hífen se a palavra seguinte começa por “h” ou vogais iguais: auto-hipnose, auto-observação, contra-ataque, anti-inflamatório, sobre-erguer, mini-internato, mini-hospital, micro-ondas…

O correto, portanto, é sem hífen: ultrassonografia, com dois esses para manter o som de /s/. Um esse entre duas vogais tem som de /z/.



4. “A palavra meio só varia quando for um adjetivo?”

A palavra meio só varia quando significa “metade”. Em geral, é numeral: “Comeu meia banana”; “Só leu meia página”; “Bebeu uma garrafa e meia de cerveja”; “É meio-dia e meia”. Pode ser adjetivo também: “Disse meias verdades”.



5. “Qual é o plural da palavra modem?”

A palavra modem vem de MODulador/DEModulador. Deve seguir o plural das palavras terminadas em “em”: jovem – jovens; ordem – ordens; homem – homens; modem – modens.

6. “Tem de ou tem que ser feito algo?”

Tanto faz. Em textos mais formais, prefiro “tem de”; em textos mais coloquiais, prefiro “tem que”. As duas formas são aceitáveis.



7. “Comunicamo-lhe ou comunicamos-lhe?”

O uso do pronome “lhe” em ênclise não afeta a forma verbal. Assim sendo, não cortamos o “s”. O certo é “comunicamos-lhe”. Cortamos o “s” quando usamos o pronome “nos”: encontramo-nos, reunimo-nos.



8. “Isso é um problema entre eu e o Pedro OU entre o Pedro e eu?”

Nem uma coisa nem outra. O correto é dizer “entre mim e o Pedro” ou “entre o Pedro e mim”. Por não ser o sujeito da oração, devemos usar o pronome oblíquo tônico (mim) em vez do pronome reto (eu).



9. “Quando podemos utilizar o verbo haver no plural?”

O verbo haver deve ser usado somente no singular quando significa “existir, ocorrer, acontecer” ou quando se refere a “tempo decorrido”: “Haverá muitas pessoas na reunião”; “Houve alguns incidentes”; “Havia dez anos que não nos víamos”.

Em outras situações, o plural é correto: “Os auditores se houveram bem no seu trabalho”; “Os dirigentes houveram por bem adiar a reunião”.

10. “Tudo que fizerem ou tudo o que fizerem?”

Tanto faz. O uso do pronome “o” não é obrigatório. Sem o pronome “o”, o pronome relativo “que” substitui o pronome indefinido “tudo”. Com o pronome “o”, é como se disséssemos “tudo aquilo que fizerem”. Nesse caso, o pronome relativo substitui “tudo aquilo”.

Crítica do leitor

Deu nesta coluna: “É interessante observar a discordância no primeiro caso: para a ABL é choparia; para o Aurélio é choperia. Proponho um chope para discutirmos o assunto.”

Comentário do leitor: “Acho que o senhor incorreu em algo que detesta: reduzir fatos linguísticos a discussões simplistas do tipo certo ou errado. Se ambos os sufixos têm vida corrente na língua, com função e significados idênticos, resta comprovar se a aplicação, escolha ou preferência de um sufixo em relação ao outro, na composição de determinadas palavras, é arbitrária ou resulta de condicionamentos morfofonéticos ou semânticos. A eufonia é que deve, provavelmente, ditar a escolha/exclusão de um ou outro sufixo. Fora isso, nada obstaria, a nosso ver, que se registrassem as duas grafias: uma como variante da outra.”

Também acho. Nada contra choparia ou choperia. Importante mesmo é o chope. Propus o chope exatamente porque não vejo motivo para optar por um e considerar o outro um “erro”. Por que não aceitar as duas formas?

Crase - Usos da Crase com ou sem acento - Crase não é acento! Conheça os macetes para não errar - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Crase não é acento! Conheça os macetes para não errar

Você sabia que CRASE não é acento? Crase é a fusão de duas vogais iguais, é a contração de dois “aa”. Acento grave (`) é o sinal que indica a crase (a + a = à).

Para haver crase, é necessário que existam dois “aa”. O primeiro a é preposição; o segundo pode ser:



1)    artigo definido (a/as):

“Ele se referiu a (preposição) + a (artigo) carta.” = “Ele se referiu à carta.”

“Ele entregou o documento a (preposição) + as (artigo) professoras.” = “Ele entregou o documento às professoras.”



2)    pronome demonstrativo (a/as):

“Sua camisa é igual a (preposição) + a (pronome = a camisa) do meu pai.” = “Sua camisa é igual à do meu pai.”

“Ele fez referência a (preposição) + as (pronome = aquelas) que saíram.” = “Ele fez referência às que saíram.”



3)    vogal a inicial dos pronomes aquele, aqueles, aquela, aquelas e aquilo:

“Ele se referiu a (preposição) + aquele livro.” = “Ele se referiu àquele livro.”

“Ele fez alusão a (preposição) + aquelas obras.” = “Ele fez alusão àquelas obras.”

“Prefiro isso a (preposição) + aquilo.” = “Prefiro isso àquilo.”



Observação 1: Se o verbo for transitivo direto, não há preposição, por isso não ocorre crase:

“A secretária escreveu (TD) a carta (OD).” (a = artigo definido)

“Ele não encontrou (TD) as professoras (OD).” (as = artigo definido)

“A testemunha acusou (TD) a da direita.” (a = pronome = aquela da direita)

“Não reconheci (TD) as que saíram.” (as = pronome = aquelas que saíram)

“Nós já lemos (TD) aquele livro (OD).”

“Ainda não vi (TD) aquilo (OD).”



Observação 2: Para comprovarmos a crase, o melhor “macete” é substituir o substantivo feminino por um masculino. Comprovamos a crase se o “à” se transformar em “AO”:

“Ele se referiu à carta.” (=ao documento)

“Ele entregou o documento às professoras.” (=aos professores)

“Sua camisa é igual à do meu pai.” (=seu casaco é igual ao do meu pai)

“Ele fez referência às que saíram.” (=aos que saíram)

Observe a diferença:

“A secretária escreveu a carta.” (=o documento)

“Ele não encontrou as professoras.” (=os professores)

“A testemunha acusou a da direita.” (=o da direita)

“Não reconheci as que saíram.” (=os que saíram)

“Ele se referiu a esta carta.” (=a este documento)

“Tráfego proibido a motocicletas.” (=a caminhões)

Este “macete” não se aplica no caso dos pronomes aquele(s), aquela(s) e aquilo.



VOCÊ SABIA…



…que secretária, originalmente, é o nome de uma escrivaninha com muitas gavetas e escaninhos para guardar documentos e dinheiro. É provável que quem tomava conta desse móvel, lidando com seu conteúdo,  acabou  sendo conhecido como secretário ou secretária.

A profissão de secretário, no entanto, existe desde antes de Cristo. Era um misto de escriba e soldado, que lutava de dia e fazia o relatório da batalha à noite. Que se sabe, o primeiro homem a escolher uma mulher para a tarefa de registrar suas batalhas foi Napoleão Bonaparte.

A secretária executiva de empresas, como conhecemos hoje, surgiu em 1877, em Nova Iorque. No Brasil, a profissão se firmou na década de 50, quando chegaram aqui as primeiras multinacionais.

Assim sendo, uma secretária, na sua origem, era para guardar segredos…





Dúvida do leitor: “…não respeitará quem se OPOR ou OPUSER…”?

Nesse tipo de construção frasal, devemos usar o verbo no futuro do subjuntivo: “…respeitará quem fizer, quem quiser, quem vier, quem souber…

Portanto, “…não respeitará quem se opuser…”



O DESAFIO



Qual é significado de anemômetro?

O anemômetro mede…

(a)  a velocidade do vento;

(b)  a pressão atmosférica;

(c)  o nível de glóbulos brancos.



Resposta de O DESAFIO:

Letra (a) = Anemômetro é o instrumento que mede a velocidade ou a intensidade do vento e, em alguns casos, a sua direção.

Crase - Uso da Crase - Saiba quando se deve usar a crase diante de nomes de lugar - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Saiba quando se deve usar a crase diante de nomes de lugar

Vou a ou à Brasília?  Vou a ou à Bahia?

O certo é: “Vou a Brasília” e “Vou à Bahia”.

Por que só ocorre crase no segundo caso?

Quando vamos, sempre vamos a algum lugar. O verbo IR pede a preposição “a”. O problema é que o nome do lugar aonde vamos às vezes vem antecedido de artigo definido “a”, às vezes não.

Enquanto Brasília não admite artigo definido, a Bahia é antecedida do artigo definido “a”. Isso significa que você “VAI À BAHIA” (=preposição “a” do verbo IR + artigo definido “a” que antecede a Bahia) e que você “VAI A BRASÍLIA” (=sem crase, porque só há a preposição “a” do verbo IR).

Se você quer saber com mais rapidez se deve IR À ou A algum lugar (com ou sem o acento da crase), use o seguinte “macete”:

Antes de IR, VOLTE.

Se você volta “DA”, significa que há artigo: você vai “À”;

Se você volta “DE”, significa que não há artigo: você vai “A”.

Exemplos:

“Você volta DA Bahia”      >      “Você vai à Bahia.”

“Você volta DE Brasília”   >      “Você vai a Brasília.”

Vamos testar o “macete” em outros exemplos:

“Vou à China.” (=volto DA China)

“Vou a Israel.” (=volto DE Israel)

“Vou à Paraíba.” (=volto DA Paraíba)

“Vou a Goiás.” (=volto DE Goiás)

“Vou a Curitiba.” (=volto DE Curitiba)

“Vou à progressista Curitiba.” (=volto DA progressista Curitiba)

“Vou à Barra da Tijuca.” (=volto DA Barra da Tijuca)

“Vou a Botafogo.” (=volto DE Botafogo)

No Rio de Janeiro, a linha 1 do nosso metrô é bem interessante: só ocorre crase num caso:

“Vou à Tijuca.” (=volto DA Tijuca);

“Vou a Ipanema.” (=volto DE Ipanema).

É importante lembrar que este “macete” não se aplica a todos os casos de crase. Na verdade, ele resolve o problema das “viagens”: IR à ou a, DIRIGIR-SE à ou a, VIAJAR à ou a, CHEGAR à ou a …

Vamos testar o “macete”.

“Uma estrada liga a Suíça a Itália; outra liga a Espanha a Portugal.”

Em que “estrada” ocorre crase?

Você acertou se respondeu a primeira. Por quê?

Porque só há artigo definido antes da Itália. Observe o “macete”: “volto DA Itália” e “volto DE Portugal”. Portanto: “Uma estrada liga a Suíça à Itália; outra liga a Espanha a Portugal.”



Vou à ou a Roma? Vou à ou a antiga Roma?

O certo é: “Vou a Roma” e “Vou à antiga Roma”.

Podemos usar o “macete” do verbo VOLTAR:

“Volto DE Roma” e “Volto DA antiga Roma”.

Observe que não há artigo antes de Roma. O artigo aparece se houver um adjetivo ou termo equivalente:

“Vou a Paris.” (=volto DE Paris)

“Vou à Paris dos meus sonhos.” (=volto DA Paris dos meus sonhos)

“Vou a Porto Alegre.” (=volto DE Porto Alegre)

“Vou à bela Porto Alegre.” (=volto DA bela Porto Alegre)

“Vou a Londres.” (=volto DE Londres)

“Vou à Londres do Big Ben.” (=volto DA Londres do Big Ben)





VOCÊ SABIA…

…que o segredo era guardado a “quatro chaves”, e não “a sete chaves”?

Quem já não ouviu alguém dizer que tal objeto está trancado a sete chaves? Ou que o segredo ou sigilo será guardado a sete chaves?

Pois é, essa é uma expressão muito popular da nossa língua, seja para dizer que um objeto está guardado num local muito seguro, seja para dar ideia de que um segredo será guardado a qualquer custo. Mas como surgiu essa expressão?

Na realidade, a origem dessa expressão está em outro país e num número diferente de chaves.

Em Portugal, no século XII, existiam arcas de madeira muito sólida que possuíam quatro – e não sete – fechaduras. Nessas arcas eram guardados documentos, segredos, ouro, joias e outros objetos de valor relevante para o governo português. Cada uma das quatro chaves era entregue a ocupantes de cargos de confiança no governo e às vezes até o próprio rei portava uma das chaves. Assim, essas arcas só podiam ser abertas se os quatro portadores das chaves as utilizassem ao mesmo tempo.

Acredita-se que a expressão se refere a sete e não quatro chaves, devido à mística que envolve o número cabalístico sete, como em “hidra de sete cabeças”, “serpente de sete línguas” ou “botas de sete léguas”.



Crítica dos leitores



Lemos em alguns jornais: “Homossexuais e lésbicas…”

Nossos leitores têm razão. Há quem pense que “homo” de homossexuais venha de “homem”. “Homo” significa “igual”; portanto as lésbicas também são homossexuais. Não é uma questão de preconceito. É desconhecimento da origem da palavra e do seu real significado.



O DESAFIO

Quinquênio é um período de…

a)    cinco anos;

b)    quinze anos;

c)    cinquenta anos.



Resposta do DESAFIO: letra (a) = quinquênio é um período de cinco anos.

Acento na Crase - Uso do acento da CRASE - Novos exemplos sobre o uso correto da crase - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Veja novos exemplos sobre o uso correto da crase

Uso do acento da CRASE – Parte 3

1.    Vou à ou a terra?

O certo é: “Vou a terra.” A palavra TERRA, no sentido de “terra firme, chão” (= oposto de bordo), não recebe artigo definido, logo não haverá crase.

Observe o macete: “volto DE terra”.

Ao viajar de avião, podemos observar a ausência do artigo definido antes da palavra TERRA (=terra firme). Quando o avião está aterrissando, uma das comissárias de bordo vai ao microfone e diz: “Para voos de conexão e mais informações, procure o nosso pessoal em terra.” Por que não na terra? Porque é em terra firme, e não no planeta Terra. Em outras palavras, o que ela quer dizer é o seguinte: “Não me chateie a bordo do avião, vá ao balcão da companhia no aeroporto.”

Qualquer outra TERRA, inclusive o planeta Terra, recebe o artigo definido. Portanto, haverá crase:

“Vou à terra dos meus avós.” (=volto DA terra dos meus avós)

“Cheguei à terra natal.” (=volto DA terra natal)

“Ele se referiu à Terra.” (=volto DA Terra / do planeta Terra)

Observe a diferença:

“Depois de tantos dias no mar, chegamos a terra.” (=terra firme)

“Depois de tantos dias no mar, chegamos à terra procurada.”



2.    Vou à ou a casa?

O certo é: “Vou a casa.” A sua própria casa não “merece” artigo definido.

Observe: Se “você vem DE casa” ou se “você ficou EM casa”, só pode ser a sua própria casa.

Qualquer outra casa vem antecedida de artigo definido. Isso significa que haverá crase:

“Vou à casa dos meus pais.” (=volto DA casa dos meus pais)

“Vou à casa de Angra.” (=volto DA casa de Angra)

“Vou à casa José Silva.” (=volto DA casa José Silva)

“Vou à casa do vizinho.” (=volto DA casa do vizinho)

“Vou à casa dela.” (=volto DA casa dela)

Não haverá crase somente quando a palavra CASA estiver sem nenhum adjunto:

“Ele ainda não retornou a casa desde aquele dia.”



VOCÊ SABE…



…de onde vêm as expressões “calcanhar de Aquiles” e “sem eira nem beira”? E qual é a origem da vitória-régia?

1. Por mais forte que seja, ninguém é invulnerável.  Todos têm o seu ponto fraco, seu calcanhar de Aquiles.  Mas quem seria esse Aquiles, e qual é o problema do seu calcanhar? A resposta está no poema épico “A Ilíada”.  Nele, o poeta grego Homero conta a história da guerra de Troia.

Aquiles foi um dos heróis da guerra. Quando ele nasceu, foi feita uma profecia de que iria morrer jovem, no campo de batalha. Para protegê-lo, a mãe mergulhou o bebê no Rio Estige, na fronteira com o inferno.  A água tinha o poder de, para dizer em linguagem moderna, fechar o corpo de Aquiles. Mas profecia é profecia, e Aquiles terminou morrendo mesmo, jovem e no campo de batalha, atingido por uma flecha envenenada. Onde? No calcanhar, o único ponto não tocado pela água, pois foi por onde a mãe o segurou ao mergulhá-lo no rio. O calcanhar de Aquiles era o seu ponto fraco, o seu ponto vulnerável.



2. Eira é um lugar ao ar livre onde se estendem as colheitas de trigo, milho ou centeio para secar, debulhar e limpar.

Quando alguém perde todas suas posses, diz que ficou “sem eira nem beira”. A expressão vem do tempo em que a maioria das propriedades era rural, e todos precisavam de uma eira para processar o que plantavam. Beira, por sua vez, é o que delimita uma casa ou um terreno, uma aba de telhado. Quem não tem nem eira nem beira, portanto, é o que não tem teto nem terra.



3. A vitória-régia é verdadeiramente uma rainha. Imponente pelo tamanho das folhas verdes e arroxeadas, que suportam até quarenta e cinco quilos de peso sem afundar, ela chama a atenção também por suas lindas flores perfumadas, brancas, vermelhas ou cor-de-rosa, que têm um sem-número de pétalas e chegam a medir quarenta centímetros de diâmetro.

Tudo isso fez da vitória-régia uma rainha entre as plantas flutuantes. E foi por causa dessa majestade que o botânico inglês John Lindley a batizou em homenagem à soberana Vitória da Inglaterra. Régia vem de regina, que em latim quer dizer rainha.



O que é ALITERAÇÃO?

Leitor quer saber se o exemplo abaixo caracteriza ou não um caso de aliteração: “A aposta é arriscada, pois não se pode prever se a renúncia do Estado em receber receitas presentes redundará num fomento econômico que, ao final, reabasteceria os cofres públicos.”

Para quem não está lembrado, aliteração é uma figura de estilo que consiste na repetição de um mesmo fonema: “Quem com ferro fere com ferro será ferido” (repetição do “f”).

Existem aliterações famosas na nossa literatura. Temos um belo exemplo em versos do poeta simbolista Cruz e Souza: “Vozes veladas, veludosas vozes, volúpias dos violões, vozes veladas vagam nos velhos vértices velozes dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”

No texto jornalístico, em geral, a aliteração não faz sentido. Quanto ao exemplo que o nosso leitor nos apresenta, há realmente uma excessiva repetição do “r”: renúncia, receber, receitas, redundará, reabasteceria.

‘Eu reavejo ou reavenho?’ Veja a qual a forma correta - “Gauchês” - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



‘Eu reavejo ou reavenho?’ Veja a qual a forma correta

Meus amigos do sul estão querendo testar o meu grau de “gauchês” ou, como disse um mais mordaz, até onde eu já “acarioquei” e perdi minhas raízes.
Outro dia, falei aqui a respeito do meu “neurônio remanescente” e afirmei que a velhice tem dois sintomas: tenho a certeza de que o primeiro é a falta de memória; do segundo ainda não consegui me lembrar.

Estou “levemente” desconfiado de que estão me chamando de velho, por isso resolveram testar a minha memória. Vamos ao teste.

“Professor, você se lembra de algum “amigo secreto”, em algum dia do seu passado comeu “bolo abatumado”, viu algum “beque abrir o açougue”, “levou algum trompaço no meio das aspas”, contou alguma “atochada”, ficou “atucanado”, comeu como um “bagual”, namorou alguma “bagaceira”, conheceu um “baita balaqueiro” e um “boi-corneta”, levou uma “bangornada” na cabeça ou, pelo menos, levou uma “biaba”,morou em uma “biboca”, falou muita “bobajada” e participou de um “bolo-vivo”?”

A maioria dos meus leitores deve ter “boiado” completamente. Os mais jovens não devem ter entendido “patavina”.

Para quem não entendeu coisa alguma e para provar quanto a minha memória é boa, e quanto as minhas raízes porto-alegrenses estão vivas, vamos à resposta do teste e às devidas explicações.
“Amigo secreto”, no sul, é aquela troca de presentes que, aqui no Rio, chamamos “amigo oculto”. Por sinal, segundo o espírito da brincadeira o nome “amigo secreto” me parece mais coerente. Um bolo “abatumado” é o mesmo que bolo “solado”, ou seja, a massa fica pesada por falta de fermento em quantidade adequada. Um “beque abre o açougue” quando um zagueiro do Grêmio começa a jogar violentamente, dando pontapés ou “entradas” desleais nos atacantes colorados. “Levar um trompaço nas aspas” é bater com a cabeça, mais precisamente com os chifres. “Atochada” é uma mentira e “atucanado” é preocupado, aborrecido, nervoso, talvez estressado. “Bagual” verdadeiramente é um cavalo arisco (não castrado) e é, ainda hoje, usado para designar uma coisa boa, muito especial. “Bagaceira” é uma coisa ou mulher desprezível, pobre, tida como baixa, vagabunda. Um “baita balaqueiro” é um grande mentiroso, é aquele que “canta muitas vantagens”, e “boi-corneta” é o sujeito do contra, o negativo, o pessimista. Levar uma “bangornada” na cabeça é levar uma batida forte, um golpe ou, como se diz popularmente hoje, uma “porrada”, que, por sua vez, vem de porretada, golpe de porrete. Levar umas “biabas” é levar uns tapas. Morar numa “biboca” é num lugar pequeno, numa vila ou cidadezinha distante, pobre e de difícil acesso. “Bobajada” são besteiras, bobagens.

E, por fim, o “bolo-vivo”, que merece uma descrição: dança ritual que se fazia nos aniversários de 15 anos das meninas. Eram 15 pares em círculo, com velas acesas. No meio, a aniversariante começava a dançar uma valsa com o pai. Depois, todos os casais também dançavam, à medida que a aniversariante apagava a vela de cada casal. Se você achou um pouco ridículo, não fale. Eu também sempre achei, mas alguns “bolos-vivos” foram até interessantes…

O verbo REAVER

1. Eu REAVEJO ou REAVENHO ?
Nenhum dos dois.
O verbo REAVER é defectivo: no presente do indicativo, só há nós REAVEMOS e vós REAVEIS; no presente do subjuntivo, nada; no pretérito e no futuro, segue o verbo HAVER.
A solução é “eu estou reavendo” ou substituir por um sinônimo: “eu recupero”.

2. Eles REAVERAM ou REAVIRAM ?
É a “famosa” dúvida do nada com coisa alguma. Nenhum dos dois.
O certo é REOUVERAM, porque REAVER é derivado do verbo HAVER: ele houve – ele REOUVE; nós houvemos – nós REOUVEMOS; eles houveram – eles REOUVERAM; se eu houvesse – se eu REOUVESSE; quando ele houver – quando ele REOUVER.

Crase?
Leitor quer saber qual é a forma correta: “O horário da reunião é de 8 às ou as 17 horas”.
Nem uma coisa nem outra.
Escreva: “O horário da reunião é das 8h às 17h”.

Abreviaturas?
Dúvida de uma leitora: “Verifiquei que o senhor escreve 21h30. Qual é o correto: 21h30min ou 21h30?”
Oficialmente é 21h30min, mas no jornalismo, por uma questão de espaço, prefiro 21h30.
Coisas da vida.


DESAFIO
Qual é a forma correta?
1)    O ____________ (chipanzé ou chimpanzé) fugiu do circo.
2)    Os _____________ (extratos ou estratos) sociais do Brasil são menos injustos do que os da Índia.
3)    O governo agiu com ______________ (descortino ou descortínio) na solução da questão.

Respostas:
1. Tanto faz. O Vocabulário Ortográfico da ABL e o novo dicionário Aurélio registram as duas formas: chimpanzé e chipanzé (como forma variante).
2.  ESTRATO. “Estratos sociais” são “camadas sociais”.
3. DESCORTINO. “Descortino” vem de “descortinar”, que significa “tirar a cortina”, “avistar, descobrir, antever”.

Fonte: G1 Dicas de Português

Três dicas com regras simples para usar a vírgula sem erro - Vírgula - Uso da vírgula - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Veja três dicas com regras simples para usar a vírgula sem erro

O uso da vírgula é uma eterna dor de cabeça. Em razão disso, para atender aos insistentes pedidos de muitos leitores, voltamos ao assunto.



Uso da VÍRGULA – Parte 1

Regras práticas:

1ª.- A vírgula deve ser usada para separar ENUMERAÇÕES, TERMOS e ORAÇÕES INDEPENDENTES ENTRE SI (núcleos de um sujeito composto, orações coordenadas assindéticas, termos de uma série não ligados pelo conectivo “e”):

1. O diretor, os assessores e os coordenadores se reuniram ontem à tarde.

(núcleos de um sujeito composto);

2. Eles chegaram cedo, discutiram o assunto, resolveram tudo.

(orações coordenadas assindéticas);

3. Necessitamos adquirir canetas, papel, borrachas, lápis.

(enumeração – termos de uma série).

Observe a importância da vírgula neste caso:

- O presidente compareceu à reunião, acompanhado da secretária, do diretor e do coordenador. (=Ele foi com três pessoas);

- O presidente compareceu à reunião, acompanhado da secretária do diretor e do coordenador. (=Agora ele foi só com duas pessoas – O diretor não foi, e a secretária é a do diretor e não do presidente).

2ª.- A vírgula deve ser evitada antes da conjunção aditiva “e”:

1. O diretor e os assessores se reuniram ontem à tarde.

2. Nesta empresa, os funcionários podem trabalhar e estudar.

Observações:

a) – A vírgula deve ser usada antes da conjunção “e” com valor ADVERSATIVO:

Já são dez horas, e (=mas ) a reunião ainda não terminou.

b) – A vírgula deve ser usada quando o conectivo “e” liga orações com sujeitos diferentes:

Os funcionários reclamavam, e a direção atendeu.

c) – A vírgula pode ser usada quando o conectivo “e” tem valor consecutivo ou enfático:

Os trabalhadores se reuniram, discutiram, e decidiram como agir.

Chegou, e viu, e lutou, e venceu finalmente.

d) – O conectivo “e”, em fim de enumeração, tem o valor de terminalidade:

Foram chamados vários funcionários: João Carlos, Pedro Sousa, Luísa e Cláudio Luís. (=Chamaram só estes quatro);

Foram chamados vários funcionários :João Carlos, Pedro Sousa, Luísa, Cláudio Luís.(=Estes são quatro dos que foram chamados. Pode haver mais)

- Não se usa a vírgula antes do conectivo “ou” (conjunção alternativa):

Não sei se ele trabalha ou estuda.

Uso da VÍRGULA – Parte 2

3ª.- A vírgula deve ser usada antes das conjunções ADVERSATIVAS (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto) e CONCLUSIVAS (logo, portanto, por isso, por conseguinte, então): “Ele sempre se dedicou à empresa, porém nunca foi promovido.” “Ele sempre se dedicou à empresa, por isso será promovido.”

Observações:

a) – As conjunções ADVERSATIVAS e CONCLUSIVAS, quando deslocadas, devem ficar entre vírgulas: “Ele sempre se dedicou à empresa, nunca foi, porém, promovido.” “Ele sempre se dedicou à empresa, será, portanto, promovido.”

b) – A conjunção POIS, com o valor CONCLUSIVO, deve ficar entre vírgulas: “Ele sempre se dedicou à empresa, será, pois, promovido.” (= portanto)

c) – A conjunção POIS, com o valor EXPLICATIVO ou CAUSAL, pode ou não vir antecedida de vírgula: “Ele deverá ser promovido, pois se dedica à empresa.” (= porque)


Uso da VÍRGULA – Parte 3

4ª – A vírgula PODE ser usada para separar a oração principal da subordinada adverbial (causal, concessiva, condicional, final, temporal…): “Ele foi promovido, porque sempre se dedicou à empresa.”(causal); “Ele foi promovido, embora não se dedicasse muito à empresa.”(concessiva); “Eles só será promovido, caso se dedique mais à empresa.”(condicional); “Ele desenvolveu o projeto, conforme nós orientamos.”(conformativa); “Ele tem se dedicado muito, para que possa ser promovido.”(final); “Ele só assinará o contrato, quando receber toda a documentação.”(temporal).

Observações:

a) – A vírgula DEVE ser usada quando a oração adverbial estiver deslocada: “Embora não se dedicasse à empresa, ele foi promovido.” “Solicitamos, caso seja possível, o seu comparecimento a este setor.” “Conforme nos foi solicitado, estamos enviando todos os documentos.” “Os computadores, quando foram introduzidos na empresa, trouxeram várias consequências.”

b) – A vírgula DEVE ser usada quando a oração reduzida* estiver deslocada:

“Encerrado o prazo, adotamos novas medidas.” (reduzida de particípio); “Os representantes, gritando muito, encerraram a reunião.” (reduzida de gerúndio); “Ao reduzir o déficit, pudemos pensar em desenvolvimento.” (reduzida de infinitivo).

*  Oração reduzida não apresenta conectivo e o verbo aparece nas formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

‘A nível de’ ou ‘em nível de’? Saiba qual é o correto e quando usar - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



‘A nível de’ ou ‘em nível de’? Saiba qual é o correto e quando usar

A NÍVEL DE, EM NÍVEL DE ou AO NÍVEL DE?

1. INACEITÁVEL. O grande erro quanto ao uso da expressão “a nível de” é sua utilização em situações em que não há “níveis”: “A nível de proposta, o assunto deve ser mais discutido”; “A nível de sentimento, isso é irreversível”; “A nível de relatório, só devemos descrever o essencial”; “A nível de gramática, isso está errado”…

2. ACEITÁVEL. Podemos usar a expressão “em nível” sempre que houver “níveis”: “Esse problema só pode ser resolvido em nível de diretoria” (=a empresa deve ter outros níveis hierárquicos); “Isso só acontece em nível municipal” (=poderia ser em nível estadual ou federal).

A expressão “ao nível do mar” é perfeitamente aceitável.


2h OU 2hs? 1h30m OU 1h30min OU 1h30?

Observação do leitor: “Noto um grande erro no emprego das unidades e grandezas físicas. As unidades são normatizadas por organismos internacionais e obedecidas no Brasil por lei e também pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) nas suas edições de terminologia.”

Leitor tem razão. Vejamos alguns exemplos:

Velocidade = 90 km/h (noventa quilômetros por hora);

Comprimento ou distância = 1m (um metro); 2m (dois metros);

Tempo = 1h (uma hora); 2h (duas horas),

21h30min (vinte e uma horas e trinta minutos),

5h51min33seg (cinco horas, cinquenta e um minutos e trinta e três segundos);

Massa = 1g (um grama); 200g (duzentos gramas).



Pronúncia e grafia de TRANSA

Leitora pergunta: “É quanto à palavra TRANSA. Se sua grafia é com “s” entre vogal e consoante, porque sua pronúncia é como de um “z”, coisa que deveria ocorrer se o “s” estivesse cercado de vogais? Será alguma exceção à regra ou um mero caso de ter se popularizado uma pronúncia equivocada?”

Nem uma coisa nem outra. Não é uma exceção nem a pronúncia está errada.

Estamos diante de uma dúvida muito frequente, causada por conclusões indevidas. Todos nós aprendemos que a letra “s” entre vogais deve ser pronunciada como “z”: casa, mesa, gostoso, usar… Até aí, tudo bem.

O problema é que algumas pessoas tiram algumas conclusões erradas:

1a) O som de “z” entre vogais deve ser grafado sempre com a letra “s”. Isso não é verdade: azar, prazer, gozar, granizo…

2a) Que a letra “s” só representa o fonema “z” quando fica entre vogais. Também não é verdade: trânsito, transatlântico, transação…



Contagem REGRESSIVA ou PROGRESSIVA?

Observação do leitor: “Apontando a arma para a nuca ou pescoço das vítimas, ele fazia contagem regressiva: 1, 2, 3, 4…”

Isso só comprova que há quem não saiba a diferença entre PROGREDIR e REGREDIR.

Ou, então, podemos concluir que é possível “progredir para trás” ou “regredir para frente”…

E agora, vamos começar uma contagem “progressiva”: 10, 9, 8, 7…

Não. Isso é contagem regressiva.



Reboliço ou rebuliço? Bucal ou bocal?

Depende.

Reboliço é “que tem forma de rebolo, que rebola”;

Rebuliço é “bagunça, grande barulho, agitação, desordem, confusão”;

Bucal é “relativo à boca” – “Ele está com problemas bucais (=na boca)”;

Bocal é “abertura de vaso, candeeiro, frasco, castiçal…” – “Pôs a lâmpada no bocal”.



Uso dos artigos antes dos TOPÔNIMOS

Pergunta de uma leitora: “Passamos por Botafogo ou pelo Botafogo? Estamos aqui nos referindo ao bairro, e não ao clube de futebol. Eu, por exemplo, acho que é por Botafogo. Mas, se isso estiver correto, por que passamos pelo Leblon? Como poderemos saber qual é a preposição certa? O que rege isso? Qual é a regra? Como poderemos saber se um bairro é masculino ou feminino?”

A dúvida não é quanto à preposição, e sim se devemos ou não usar artigo definido antes do nome dos bairros. Não há propriamente uma regra.

Aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, nós dizemos:

Copacabana, Ipanema, Botafogo… = sem artigo;

a Tijuca, a Glória, a Barra… = com artigo feminino;

o Leblon, o Catete, o Méier… = com artigo masculino.

A dúvida permanece em nomes de cidades, estados, países…

Porto Alegre, São Paulo, Goiás, Portugal… = sem artigo;

a Bahia, a Paraíba, a Alemanha, a Inglaterra… = com artigo feminino;

o Recife, o Rio de Janeiro, o Irã, o Egito… = com artigo masculino.

Assim sendo, estamos corretíssimos quando “passamos por Botafogo ou pelo Leblon”.

Pretérito mais-que-perfeito - Entenda as formas do pretérito mais-que-perfeito do verbo ‘dizer’ - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Entenda as formas do pretérito mais-que-perfeito do verbo ‘dizer’

1ª) “Que eu saiba, o pretérito mais-que-perfeito do verbo dizer é dissera. Tinha dito é particípio passado. Tô certo ou tô errado?”

Meu caro leitor, você “tá mais ou menos certo e mais ou menos errado”.

Quanto à forma do mais-que-perfeito do verbo DIZER, você está certíssimo. O problema é que você se esqueceu da forma composta, ou seja, dissera é a forma simples do mais-que-perfeito do indicativo, e tinha dito é a forma composta. Assim sendo, nós temos duas opções: fizera ou tinha feito; saíra ou tinha saído; pusera ou tinha posto; viera ou tinha vindo…

2ª) Gostaria de saber a razão pela qual sempre se usa “No domingo que vem, TEM mais”, em vez de “No domingo que vem, HÁ mais”.

Eu já expliquei aqui o porquê da preferência pelo verbo TER. Mas vale a pena repetir.

Sei perfeitamente que, segundo o padrão culto da língua portuguesa, devemos evitar o uso do verbo TER com o sentido de “haver, existir”. Entretanto, como já foi explicado, para se despedir, muitos optam por uma linguagem mais coloquial, com um tom mais familiar. Só isso.

3ª) “Concordo com as regras dos chamados pecados mortais da crase do professor Édison de Oliveira “em regra”. A exceção que confirma uma delas é o caso em que há uma palavra ou expressão oculta. Por exemplo: Filé à (moda) Oswaldo Aranha – ou seria “churrasco”?”

O nosso leitor tem razão. Como bom gaúcho, deve ser churrasco mesmo. Quanto aos “pecados mortais”, é importante lembrar que são apenas “dicas”. Quando afirmamos que não ocorre a crase antes de palavras masculinas, é apenas para facilitar um pouco a vida daqueles que consideram a crase a “coisa mais difícil da língua portuguesa”. O caso do “churrasco à Oswaldo Aranha” não é propriamente uma exceção, e sim uma outra situação.

E o nosso leitor também tem razão quando afirma que devemos usar o acento grave indicativo da crase sempre que houver a palavra “moda (ou estilo) subentendida: “filé à milanesa”, “vestir-se à 1970”, “escrever à Camões”…

4ª) Leitor: “A confusão continua. O senhor insiste em chamar acento grave de crase. Por favor, pare com isso.”

Tecnicamente, o nosso leitor está certíssimo. O acento (`) chama-se grave, e crase é o fenômeno fonético em que ocorre a fusão de duas vogais iguais (a+a=à). Assim sendo, não devemos dizer que o “à” está craseado. O certo é dizer que a vogal “a” recebeu o acento grave (`) para indicar que ocorre uma crase (=fusão da preposição “a” com outro “a”).

Tenho a certeza de que, com essa explicação, ninguém mais vai continuar fazendo confusão. Agora o uso do acento grave indicativo da crase ficou “bem mais fácil” de ser entendido…

5ª) Saiu nesta coluna: “em textos que exijam uma linguagem formal, devemos evitar o uso da expressão em anexo”.

Os leitores têm razão: é uma questão de estilo. Eu prefiro a forma “anexo” a “em anexo”. Só isso. É lógico que o uso de “em anexo” também está correto. Não afirmei que estava errado. Apenas afirmei que prefiro: “O formulário segue ANEXO a EM ANEXO”.

Se alguém preferir fazer outra consulta, a Moderna Gramática Portuguesa do meu querido mestre Evanildo Bechara também registra as duas formas.

“Levar ele” ou “Levá-lo”?

Pergunta de um leitor: “Gostaria de saber se o que saiu publicado numa revista é considerado aceitável ou se está errado mas passou batido: ‘Não deu para comprar um presentinho? Bobagem, leva ela para passear a assistir uma pelada no Sol Ipanema, tomar um chope’. Que tal?”

O que explica, mas não justifica, o desrespeito às regras gramaticais é o fato de o texto apresentar um tom coloquial.

A norma padrão ainda condena o uso do pronome reto (ele, ela) na função do objeto e a regência do verbo assistir (=ver, presenciar) como transitivo direto.

Em textos formais, que exijam o padrão culto da língua portuguesa, devemos usar:

LEVÁ-LO, em vez de “levar ele”;

(Os pronomes pessoais oblíquos “o, a, os, as” devem ser usados na função de objeto);

ASSISTIR A uma pelada, em vez de “assistir uma pelada”.

(O verbo ASSISTIR, no sentido de “ver, presenciar”, é transitivo indireto).



MORTO ou FALECIDO?



Comentário de um leitor: “Toda vez que nossos jornais fazem alusão a pessoas já falecidas, é assim noticiado: ‘Darci Ribeiro, morto no ano tal…’ Parece que o ilustre antropólogo foi morto por alguém, que sua morte não foi decorrente de causas naturais.”

Concordo com o nosso leitor. Embora morto e falecido sejam palavras sinônimas, o uso da forma “morto” pode causar ambiguidade. Nesses casos, prefiro a forma falecido, embora não seja usual no meio jornalístico.

Concordância Ideológica - Como Aplicar - Exemplos - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Veja exemplos de como aplicar a ‘concordância ideológica’

1ª) Observação do leitor: Em “Por mais que os brasileiros estejamos anestesiados com tantos casos de corrupção…”, a concordância do verbo está correta? Ora, o sujeito (os brasileiros) está na 3ª pessoa do plural (eles). A frase correta seria “…os brasileiros estejam…”, a menos, é claro, que o verbo fosse antecedido por “nós, os brasileiros”. Essa estranha mescla seria um novo estilo? Ou a inovação não passa de mero modismo?”

Segundo a lógica gramatical, você tem razão. Se o sujeito (=os brasileiros) está na 3ª pessoa do plural, o verbo deve concordar na 3ª pessoa do plural (=estejam).

O que você chamou de “estranha mescla” é uma figura de estilo chamada silepse. É uma figura de sintaxe em que a concordância é feita com uma ideia subentendida, e não segundo a lógica gramatical. É também conhecida por concordância ideológica. No caso em questão (=os brasileiros estejamos), há uma silepse de pessoa (= 3ª pessoa com 1ª pessoa). O verbo está concordando com a ideia subentendida (= nós, os brasileiros; eu também, porque sou brasileiro). É o mesmo caso de “Todos decidimos adiar as provas”, ou seja, subentende-se “todos nós; todos inclusive eu”. Segundo a lógica gramatical, seria “Todos decidiram adiar as provas”.

2ª)  Fala, leitor: “Como eu continuo a aperfeiçoar o meu português, estou enviando mais uma pergunta. Na frase “Napoleão, como fossede baixa estatura, chamavam-lhe os seus soldados o nosso pequeno corporal”, o uso do pretérito imperfeito do subjuntivo está correto?”

Meu caro leitor, sua dúvida procede. Como Napoleão era realmente baixo, é um fato e não uma hipótese, devemos usar o modo indicativo em vez do subjuntivo. Assim sendo: “Napoleão, como era de baixa estatura, chamavam-lhe os seus soldados…”

3ª) Leitora quer saber: “Qual é a forma correta para um material revestido de borracha: aborrachado ou emborrachado? Certa de que seria emborrachado, fui ao Aurélio e ao Michaelis, e, para minha surpresa, emborrachar só aparece com a definição de embriagar-se. Seria, então, aborrachado, como acolchoado, aveludado…?”

Minha querida leitora, nada de conclusões apressadas. Não há registro de “aborrachado” no dicionário Michaelis, nem no novíssimo Aurélio, nem no Vocabulário Ortográfico da ABL. Quanto ao emborrachado, os dicionários mais antigos só registram o sentido de “embriagado”, mas a última edição do dicionário Aurélio já apresenta o adjetivo emborrachado nos dois sentidos: “embriagado” e “revestido de borracha”.

Portanto, já podemos comemorar o nascimento do “emborrachado” no sentido de “revestido de borracha”. Mas não é por isso que vamos nos emborrachar.

4ª) Comentário de outra leitora: “Não sei como foi comentada a concordância nos painéis informativos da CET-Rio, onde se lê: Condições do trânsito: BOM, LENTO etc.”

O trânsito pode estar BOM ou estar LENTO. As condições do trânsito podem estar BOAS, mas as condições jamais estarão “LENTAS”.

Apesar do seu rigor, o registro está feito.

O uso da língua nem sempre segue regras rigorosas. Um pouco de flexibilidade faz bem. O subentendido faz parte do uso da língua portuguesa no Brasil. Se assim não fosse, ninguém “ligaria o ar”. Se alguém não entendeu, é bom lembrar que, no Brasil, “ligar o ar” é perfeitamente entendido. Não preciso pedir que “se ligue o aparelho de ar-condicionado”.

Não conformidade ou Não-conformidade?

Crítica de uma leitora: “Há tempos aprendi. Quando o “não” ligar-se a um substantivo, usamos hífen: não-conformismo, não-intervenção, não-flexão, não-pagamento, não-quitação; quando o “não” ligar-se a um adjetivo, não usamos hífen: não descartável, não durável, não flexionado, não resolvido…

Assim sendo, devemos usar não-conformidade, pois conformidade é substantivo.

Como explicar o não-governamental?”

Essa “regrinha” nunca foi muito respeitada. Na verdade, o Vocabulário Ortográfico da ABL e os nossos dicionários apresentavam vários adjetivos com hífen: não-engajado, não-esperado, não-formatado, não-verbal…

Agora o problema acabou: segundo o novíssimo VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), publicado pela Academia Brasileira Letras após o novo acordo ortográfico, NÃO HÁ HÍFEN após o elemento NÃO usado como prefixo.

Assim sendo, todas as palavras formadas com o elemento NÃO devem ser escritas SEM HÍFEN: não conformidade, não agressão, não pagamento, não fumante, não governamental…

DESAFIO                

Qual é a forma correta?

“As estradas estão…

a)    mal conservadas;

b)    mal-conservadas; ou

c)    malconservadas.”



                   A resposta correta é MALCONSERVADAS (tudo junto, sem hífen).

Quanto ao uso de MAL como prefixo, o novo acordo manteve a regra antiga: só há hífen se a palavra seguinte começar por H ou VOGAIS: mal-humorado, mal-amado, mal-educado, mal-intencionado.

Com as demais letras, devemos escrever sem hífen: malconservado, malcriado, malformado, maldizer, malpassado, malmequer…

Aonde ou onde? Entenda as diferenças e veja dicas para não errar - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Aonde ou onde? Entenda as diferenças e veja dicas para não errar

“Esta é a rua ONDE ou AONDE fica o nosso depósito”?

O mais adequado é: “Esta é a rua ONDE fica o nosso depósito.” ONDE significa “no lugar” (=o depósito fica NA RUA).

AONDE significa “ao lugar”. Só pode ser usado com verbos cuja regência pede a preposição “a” (IR, CHEGAR, DIRIGIR-SE, LEVAR…): “Esta é a praia AONDE fomos no sábado passado” (=fomos À PRAIA).

Observe a diferença: “Esta é a cidade ONDE ela nasceu” (=ela nasceu NA CIDADE); “Este é o bairro ONDE ele mora” (=ele mora NO BAIRRO); “Esta é a sala ONDE estamos” (=estamos NA SALA); “Esta é a cidade AONDE gosto de ir nas férias” (=gosto de ir À CIDADE); “Este é o estádio AONDE fui ontem” (=fui AO ESTÁDIO); “Este é o lugar AONDE ele quer chegar” (=ele quer chegar AO LUGAR).



CÂMARA OU CÂMERA

Carta do internauta: “A língua portuguesa vive me surpreendendo. Eu sempre acreditei que CÂMARA e CÂMERA tinham significados diferentes. Após o jornal O Globo ter informado que serão instaladas câmaras de vídeo no Túnel Rebouças, recorri ao Aurélio para confirmar o equívoco. Mas lá consta o seguinte: CÂMERA variante de CÂMARA.”

Meu caro internauta, você fez muito bem em recorrer ao Aurélio. É pesquisando que muitas vezes destruímos certas “verdades” que um dia aprendemos como sendo o “certo”.

Só discordo da sua primeira afirmativa. Neste caso, não é a língua portuguesa que nos causa a surpresa. A verdade é que a palavra CÂMERA sempre foi uma variante de CÂMARA. Não são apenas o novíssimo Aurélio e o dicionário Michaelis  que fazem tal afirmação. Na edição do grande Caldas Aulete, de 1970, já estava registrado CÂMERA como variante de CÂMARA.

Isso significa, portanto, independentemente do que aprendemos um dia no nosso passado próximo ou distante, que podemos dizer “câmera de vídeo e câmera fotográfica” ou, se preferirmos, “câmara de vídeo e câmara fotográfica”.

É como costumo dizer: nem sempre é uma questão de certo ou errado, muitas vezes é uma questão de preferência, é uma questão de estilo.



Curiosidade

Você sabia que DEPREDAR nada tem a ver com PEDRA. Não existe “depedração”, mas sim DEPREDAÇÃO.

DEPREDAR significa “destruir, devastar, saquear”. Para depredar não é necessário usar pedras.





O internauta quer saber

Por que a palavra TÁXI tem acento?

TÁXI é uma palavra paroxítona terminada em “i”. Todas as palavras paroxítonas terminadas em “i” ou “is” devem receber acento gráfico: táxi, táxis, júri, lápis, tênis…



A frase “As escolas melhores colocadas na pesquisa recebem prêmios” está correta?

Está errada. São as escolas MELHOR ou MAIS BEM colocadas. Advérbio é invariável. A palavra melhor só tem plural quando é adjetivo: “as melhores escolas…”

Melhore o seu vocabulário

“Parar, suster, aguentar” é …

(a)  pairar;
(b) abranger;
(c) angariar.



Resposta: letra (a). Quando ouvimos que “uma dúvida ainda pairava no ar”, significa que ainda “existia uma dúvida”, é como se uma dúvida ainda “voava, aguentava no ar”. ABRANGER é “conter em si, incluir” e ENGARIAR é “obter, pedindo a um e a outro; alcançar, granjear, recrutar”.



Teste da semana

Que opção completa corretamente as lacunas da frase “Os motivos __________ ele não veio foram ______ explicados”?

(a)  porque / mal;

(b)  por que / mal;

(c) porque / mau;

(d) por que / mau;

(e) por quê / mal.



Resposta do teste: letra (b). A palavra PORQUE deve ser escrita separadamente sempre que pudermos substituí-la por POR QUAL, PELO QUAL, PELA QUAL… Como são os motivos PELOS QUAIS ele não veio, devemos escrever “Os motivos POR QUE ele não veio”. E se os motivos não foram BEM explicados, é porque foram MAL explicados. MAL se opõe a BEM. MAU é o adjetivo que se opõe a BOM.

- Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa


Saiba quando usar e quando evitar as palavras estrangeiras
Na nossa campanha contra os modismos, chegou a hora de analisarmos o uso excessivo dos estrangeirismos.

Por muito tempo, em nossas escolas, os professores ensinavam como “erro” o uso de galicismos (palavras de origem francesa). Era proibido falar ou escrever abajur, chofer, detalhe… Éramos obrigados a substituir por quebra-luz, motorista e pormenor. E o tempo provou que estávamos enganados. Hoje, todos nós usamos – sem culpa ou pecado – abajur, chofer e detalhe. Temos até um belíssimo réveillon, na sua forma original.

Agora o inimigo são os anglicismos. Palavras e expressões inglesas infestam e poluem a nossa fala. Temos um festival de beach soccer, play off, delivery, shopping, brainstorming, software, marketing e tantos outros.

A presença de termos estrangeiros no uso diário de uma língua não é crime nem sinal de fraqueza. Ao contrário, é sinal de vitalidade. Só as línguas vivas têm essa capacidade de enriquecimento. A forte presença do inglês na língua portuguesa é reflexo da globalização, do imperialismo econômico, do desenvolvimento tecnológico americano etc. Poderíamos citar muitas outras causas, mas há uma em especial que merece destaque: a paixão do brasileiro em geral pelas “coisas estrangeiras”. Nós adoramos a grife, o carro importado, a palavra estrangeira. Tudo dá status.

É, portanto, um problema muito mais cultural do que simplesmente linguístico.

Valorizar a língua portuguesa, sim; fechar as portas, não.

Há no congresso um projeto de valorização da língua portuguesa. Valorizar nosso idioma é louvável, mas é um absurdo criar uma lei que possa vir a punir o seu João da esquina porque escreveu hot dog em vez de cachorro-quente.

Se aprovada, será mais um péssimo exemplo de lei a não ser cumprida neste país. Quem vai fiscalizar?

Não precisamos de lei para proteger a nossa língua. Necessitamos, sim, é de recursos para melhorar o nosso ensino, investir na educação, talvez criar um Instituto Machado de Assis, semelhante ao Instituto Camões, de Portugal, e ao Instituto Cervantes, da Espanha.

E aí você me pergunta: e a Barra da Tijuca? Eu respondo: qualquer semelhança com Miami não é mera coincidência.

E é contra isso, contra os exageros, contra os modismos, que devemos lutar. A nossa crítica deve concentrar-se no ridículo, no “desnecessário”. Para que “sale”, se sempre vendemos? Por que “startar”, se podemos começar, iniciar, principiar? Se podemos entregar em domicílio, para que serve o ridículo “delivery”?

O modismo a ser criticado é esta lista imensa de palavras e expressões inglesas para as quais a nossa língua já está bem provida: beach soccer (futebol de areia), paper (documento), printar (imprimir)…

O aportuguesamento de termos estrangeiros também é uma boa saída. É só lembrar o futebol, o blecaute, o estresse, o balé, o filé, o chope, o espaguete…

E o que fazer com o dumping? Não conseguimos aportuguesar e não há em português uma palavra para traduzi-la: “é quando uma empresa faz preços abaixo do mercado para quebrar o concorrente”. É demais. Nestas horas, o termo estrangeiro é bem-vindo, pois enriquece a língua. E há outros bons exemplos: ranking, show, marketing, impeachment. São palavras devidamente incorporadas à nossa língua cotidiana.

Portanto, nada de radicalismos. É importante valorizar a língua portuguesa, mas nada de purismo e xenofobia.



TRIBUTO, TAXA e IMPOSTO

O internauta diz: “Na sua coluna você informa que taxa é ‘tributo, imposto; ou razão de juro’. No art.5, o Código Tributário Nacional distingue: ‘Os tributos são impostos, taxas, e contribuições de melhoria’. Vale dizer: tributo é gênero; impostos, taxas e contribuições de melhoria são espécies. Ou seja, taxa é tributo; mas não é imposto, que é outra modalidade de tributo.”

A definição da palavra taxa publicada nesta coluna é aquela que a maioria dos nossos dicionários apresenta.

Os meus amigos advogados já haviam me ensinado a diferença.

Usando uma linguagem mais simples para que todos nós, leigos, possamos entender:

TAXA – Tipo de tributo para o qual há uma contrapartida, a prestação de um serviço por exemplo. Nós pagamos a taxa do lixo para que a prefeitura retire o lixo; pagamos a taxa de iluminação pública para que haja iluminação nas vias públicas…
IMPOSTO – Tipo de tributo para o qual não há uma contrapartida específica. Nós pagamos Imposto de Renda porque temos renda; pagamos IPTU, porque temos uma casa, um apartamento, um terreno; pagamos IPVA, porque temos um automóvel, um barco, um avião…
 TRIBUTO – É um termo genérico. Engloba taxas, impostos e contribuições.  É tudo aquilo que pagamos para viver na “tribo”, ou seja, em sociedade. Daí o tribuno para nos representar e o tribunal para julgar os que vivem na tribo.


Qual é o plural de SEM-TERRA?

Pergunta de vários leitores: “Muitos usam a palavra “sem-terras” no singular, outros no plural. Qual é o certo?”

As palavras compostas com a preposição SEM, tipo sem-terra e sem-teto são invariáveis. Devemos dizer “os sem-terra” e “os sem-teto”.

Não seguem, portanto, a regra que manda flexionar o segundo elemento (=substantivo) quando o primeiro for invariável (=preposição): contra-ataques, vice-campeões.

Palavras Estrangeiras - Saiba quando usar e quando evitar - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Saiba quando usar e quando evitar as palavras estrangeiras

Na nossa campanha contra os modismos, chegou a hora de analisarmos o uso excessivo dos estrangeirismos.

Por muito tempo, em nossas escolas, os professores ensinavam como “erro” o uso de galicismos (palavras de origem francesa). Era proibido falar ou escrever abajur, chofer, detalhe… Éramos obrigados a substituir por quebra-luz, motorista e pormenor. E o tempo provou que estávamos enganados. Hoje, todos nós usamos – sem culpa ou pecado – abajur, chofer e detalhe. Temos até um belíssimo réveillon, na sua forma original.

Agora o inimigo são os anglicismos. Palavras e expressões inglesas infestam e poluem a nossa fala. Temos um festival de beach soccer, play off, delivery, shopping, brainstorming, software, marketing e tantos outros.

A presença de termos estrangeiros no uso diário de uma língua não é crime nem sinal de fraqueza. Ao contrário, é sinal de vitalidade. Só as línguas vivas têm essa capacidade de enriquecimento. A forte presença do inglês na língua portuguesa é reflexo da globalização, do imperialismo econômico, do desenvolvimento tecnológico americano etc. Poderíamos citar muitas outras causas, mas há uma em especial que merece destaque: a paixão do brasileiro em geral pelas “coisas estrangeiras”. Nós adoramos a grife, o carro importado, a palavra estrangeira. Tudo dá status.

É, portanto, um problema muito mais cultural do que simplesmente linguístico.

Valorizar a língua portuguesa, sim; fechar as portas, não.

Há no congresso um projeto de valorização da língua portuguesa. Valorizar nosso idioma é louvável, mas é um absurdo criar uma lei que possa vir a punir o seu João da esquina porque escreveu hot dog em vez de cachorro-quente.

Se aprovada, será mais um péssimo exemplo de lei a não ser cumprida neste país. Quem vai fiscalizar?

Não precisamos de lei para proteger a nossa língua. Necessitamos, sim, é de recursos para melhorar o nosso ensino, investir na educação, talvez criar um Instituto Machado de Assis, semelhante ao Instituto Camões, de Portugal, e ao Instituto Cervantes, da Espanha.

E aí você me pergunta: e a Barra da Tijuca? Eu respondo: qualquer semelhança com Miami não é mera coincidência.

E é contra isso, contra os exageros, contra os modismos, que devemos lutar. A nossa crítica deve concentrar-se no ridículo, no “desnecessário”. Para que “sale”, se sempre vendemos? Por que “startar”, se podemos começar, iniciar, principiar? Se podemos entregar em domicílio, para que serve o ridículo “delivery”?

O modismo a ser criticado é esta lista imensa de palavras e expressões inglesas para as quais a nossa língua já está bem provida: beach soccer (futebol de areia), paper (documento), printar (imprimir)…

O aportuguesamento de termos estrangeiros também é uma boa saída. É só lembrar o futebol, o blecaute, o estresse, o balé, o filé, o chope, o espaguete…

E o que fazer com o dumping? Não conseguimos aportuguesar e não há em português uma palavra para traduzi-la: “é quando uma empresa faz preços abaixo do mercado para quebrar o concorrente”. É demais. Nestas horas, o termo estrangeiro é bem-vindo, pois enriquece a língua. E há outros bons exemplos: ranking, show, marketing, impeachment. São palavras devidamente incorporadas à nossa língua cotidiana.

Portanto, nada de radicalismos. É importante valorizar a língua portuguesa, mas nada de purismo e xenofobia.



TRIBUTO, TAXA e IMPOSTO

O internauta diz: “Na sua coluna você informa que taxa é ‘tributo, imposto; ou razão de juro’. No art.5, o Código Tributário Nacional distingue: ‘Os tributos são impostos, taxas, e contribuições de melhoria’. Vale dizer: tributo é gênero; impostos, taxas e contribuições de melhoria são espécies. Ou seja, taxa é tributo; mas não é imposto, que é outra modalidade de tributo.”

A definição da palavra taxa publicada nesta coluna é aquela que a maioria dos nossos dicionários apresenta.

Os meus amigos advogados já haviam me ensinado a diferença.

Usando uma linguagem mais simples para que todos nós, leigos, possamos entender:

TAXA – Tipo de tributo para o qual há uma contrapartida, a prestação de um serviço por exemplo. Nós pagamos a taxa do lixo para que a prefeitura retire o lixo; pagamos a taxa de iluminação pública para que haja iluminação nas vias públicas…
IMPOSTO – Tipo de tributo para o qual não há uma contrapartida específica. Nós pagamos Imposto de Renda porque temos renda; pagamos IPTU, porque temos uma casa, um apartamento, um terreno; pagamos IPVA, porque temos um automóvel, um barco, um avião…
 TRIBUTO – É um termo genérico. Engloba taxas, impostos e contribuições.  É tudo aquilo que pagamos para viver na “tribo”, ou seja, em sociedade. Daí o tribuno para nos representar e o tribunal para julgar os que vivem na tribo.


Qual é o plural de SEM-TERRA?

Pergunta de vários leitores: “Muitos usam a palavra “sem-terras” no singular, outros no plural. Qual é o certo?”

As palavras compostas com a preposição SEM, tipo sem-terra e sem-teto são invariáveis. Devemos dizer “os sem-terra” e “os sem-teto”.

Não seguem, portanto, a regra que manda flexionar o segundo elemento (=substantivo) quando o primeiro for invariável (=preposição): contra-ataques, vice-campeões.

Palavras Estrangeiras - Saiba quando usar e quando evitar - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa


Saiba quando usar e quando evitar as palavras estrangeiras
Na nossa campanha contra os modismos, chegou a hora de analisarmos o uso excessivo dos estrangeirismos.

Por muito tempo, em nossas escolas, os professores ensinavam como “erro” o uso de galicismos (palavras de origem francesa). Era proibido falar ou escrever abajur, chofer, detalhe… Éramos obrigados a substituir por quebra-luz, motorista e pormenor. E o tempo provou que estávamos enganados. Hoje, todos nós usamos – sem culpa ou pecado – abajur, chofer e detalhe. Temos até um belíssimo réveillon, na sua forma original.

Agora o inimigo são os anglicismos. Palavras e expressões inglesas infestam e poluem a nossa fala. Temos um festival de beach soccer, play off, delivery, shopping, brainstorming, software, marketing e tantos outros.

A presença de termos estrangeiros no uso diário de uma língua não é crime nem sinal de fraqueza. Ao contrário, é sinal de vitalidade. Só as línguas vivas têm essa capacidade de enriquecimento. A forte presença do inglês na língua portuguesa é reflexo da globalização, do imperialismo econômico, do desenvolvimento tecnológico americano etc. Poderíamos citar muitas outras causas, mas há uma em especial que merece destaque: a paixão do brasileiro em geral pelas “coisas estrangeiras”. Nós adoramos a grife, o carro importado, a palavra estrangeira. Tudo dá status.

É, portanto, um problema muito mais cultural do que simplesmente linguístico.

Valorizar a língua portuguesa, sim; fechar as portas, não.

Há no congresso um projeto de valorização da língua portuguesa. Valorizar nosso idioma é louvável, mas é um absurdo criar uma lei que possa vir a punir o seu João da esquina porque escreveu hot dog em vez de cachorro-quente.

Se aprovada, será mais um péssimo exemplo de lei a não ser cumprida neste país. Quem vai fiscalizar?

Não precisamos de lei para proteger a nossa língua. Necessitamos, sim, é de recursos para melhorar o nosso ensino, investir na educação, talvez criar um Instituto Machado de Assis, semelhante ao Instituto Camões, de Portugal, e ao Instituto Cervantes, da Espanha.

E aí você me pergunta: e a Barra da Tijuca? Eu respondo: qualquer semelhança com Miami não é mera coincidência.

E é contra isso, contra os exageros, contra os modismos, que devemos lutar. A nossa crítica deve concentrar-se no ridículo, no “desnecessário”. Para que “sale”, se sempre vendemos? Por que “startar”, se podemos começar, iniciar, principiar? Se podemos entregar em domicílio, para que serve o ridículo “delivery”?

O modismo a ser criticado é esta lista imensa de palavras e expressões inglesas para as quais a nossa língua já está bem provida: beach soccer (futebol de areia), paper (documento), printar (imprimir)…

O aportuguesamento de termos estrangeiros também é uma boa saída. É só lembrar o futebol, o blecaute, o estresse, o balé, o filé, o chope, o espaguete…

E o que fazer com o dumping? Não conseguimos aportuguesar e não há em português uma palavra para traduzi-la: “é quando uma empresa faz preços abaixo do mercado para quebrar o concorrente”. É demais. Nestas horas, o termo estrangeiro é bem-vindo, pois enriquece a língua. E há outros bons exemplos: ranking, show, marketing, impeachment. São palavras devidamente incorporadas à nossa língua cotidiana.

Portanto, nada de radicalismos. É importante valorizar a língua portuguesa, mas nada de purismo e xenofobia.



TRIBUTO, TAXA e IMPOSTO

O internauta diz: “Na sua coluna você informa que taxa é ‘tributo, imposto; ou razão de juro’. No art.5, o Código Tributário Nacional distingue: ‘Os tributos são impostos, taxas, e contribuições de melhoria’. Vale dizer: tributo é gênero; impostos, taxas e contribuições de melhoria são espécies. Ou seja, taxa é tributo; mas não é imposto, que é outra modalidade de tributo.”

A definição da palavra taxa publicada nesta coluna é aquela que a maioria dos nossos dicionários apresenta.

Os meus amigos advogados já haviam me ensinado a diferença.

Usando uma linguagem mais simples para que todos nós, leigos, possamos entender:

TAXA – Tipo de tributo para o qual há uma contrapartida, a prestação de um serviço por exemplo. Nós pagamos a taxa do lixo para que a prefeitura retire o lixo; pagamos a taxa de iluminação pública para que haja iluminação nas vias públicas…
IMPOSTO – Tipo de tributo para o qual não há uma contrapartida específica. Nós pagamos Imposto de Renda porque temos renda; pagamos IPTU, porque temos uma casa, um apartamento, um terreno; pagamos IPVA, porque temos um automóvel, um barco, um avião…
 TRIBUTO – É um termo genérico. Engloba taxas, impostos e contribuições.  É tudo aquilo que pagamos para viver na “tribo”, ou seja, em sociedade. Daí o tribuno para nos representar e o tribunal para julgar os que vivem na tribo.


Qual é o plural de SEM-TERRA?

Pergunta de vários leitores: “Muitos usam a palavra “sem-terras” no singular, outros no plural. Qual é o certo?”

As palavras compostas com a preposição SEM, tipo sem-terra e sem-teto são invariáveis. Devemos dizer “os sem-terra” e “os sem-teto”.

Não seguem, portanto, a regra que manda flexionar o segundo elemento (=substantivo) quando o primeiro for invariável (=preposição): contra-ataques, vice-campeões.

Palavras Estrangeiras - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa


Saiba quando usar e quando evitar as palavras estrangeiras
Na nossa campanha contra os modismos, chegou a hora de analisarmos o uso excessivo dos estrangeirismos.

Por muito tempo, em nossas escolas, os professores ensinavam como “erro” o uso de galicismos (palavras de origem francesa). Era proibido falar ou escrever abajur, chofer, detalhe… Éramos obrigados a substituir por quebra-luz, motorista e pormenor. E o tempo provou que estávamos enganados. Hoje, todos nós usamos – sem culpa ou pecado – abajur, chofer e detalhe. Temos até um belíssimo réveillon, na sua forma original.

Agora o inimigo são os anglicismos. Palavras e expressões inglesas infestam e poluem a nossa fala. Temos um festival de beach soccer, play off, delivery, shopping, brainstorming, software, marketing e tantos outros.

A presença de termos estrangeiros no uso diário de uma língua não é crime nem sinal de fraqueza. Ao contrário, é sinal de vitalidade. Só as línguas vivas têm essa capacidade de enriquecimento. A forte presença do inglês na língua portuguesa é reflexo da globalização, do imperialismo econômico, do desenvolvimento tecnológico americano etc. Poderíamos citar muitas outras causas, mas há uma em especial que merece destaque: a paixão do brasileiro em geral pelas “coisas estrangeiras”. Nós adoramos a grife, o carro importado, a palavra estrangeira. Tudo dá status.

É, portanto, um problema muito mais cultural do que simplesmente linguístico.

Valorizar a língua portuguesa, sim; fechar as portas, não.

Há no congresso um projeto de valorização da língua portuguesa. Valorizar nosso idioma é louvável, mas é um absurdo criar uma lei que possa vir a punir o seu João da esquina porque escreveu hot dog em vez de cachorro-quente.

Se aprovada, será mais um péssimo exemplo de lei a não ser cumprida neste país. Quem vai fiscalizar?

Não precisamos de lei para proteger a nossa língua. Necessitamos, sim, é de recursos para melhorar o nosso ensino, investir na educação, talvez criar um Instituto Machado de Assis, semelhante ao Instituto Camões, de Portugal, e ao Instituto Cervantes, da Espanha.

E aí você me pergunta: e a Barra da Tijuca? Eu respondo: qualquer semelhança com Miami não é mera coincidência.

E é contra isso, contra os exageros, contra os modismos, que devemos lutar. A nossa crítica deve concentrar-se no ridículo, no “desnecessário”. Para que “sale”, se sempre vendemos? Por que “startar”, se podemos começar, iniciar, principiar? Se podemos entregar em domicílio, para que serve o ridículo “delivery”?

O modismo a ser criticado é esta lista imensa de palavras e expressões inglesas para as quais a nossa língua já está bem provida: beach soccer (futebol de areia), paper (documento), printar (imprimir)…

O aportuguesamento de termos estrangeiros também é uma boa saída. É só lembrar o futebol, o blecaute, o estresse, o balé, o filé, o chope, o espaguete…

E o que fazer com o dumping? Não conseguimos aportuguesar e não há em português uma palavra para traduzi-la: “é quando uma empresa faz preços abaixo do mercado para quebrar o concorrente”. É demais. Nestas horas, o termo estrangeiro é bem-vindo, pois enriquece a língua. E há outros bons exemplos: ranking, show, marketing, impeachment. São palavras devidamente incorporadas à nossa língua cotidiana.

Portanto, nada de radicalismos. É importante valorizar a língua portuguesa, mas nada de purismo e xenofobia.



TRIBUTO, TAXA e IMPOSTO

O internauta diz: “Na sua coluna você informa que taxa é ‘tributo, imposto; ou razão de juro’. No art.5, o Código Tributário Nacional distingue: ‘Os tributos são impostos, taxas, e contribuições de melhoria’. Vale dizer: tributo é gênero; impostos, taxas e contribuições de melhoria são espécies. Ou seja, taxa é tributo; mas não é imposto, que é outra modalidade de tributo.”

A definição da palavra taxa publicada nesta coluna é aquela que a maioria dos nossos dicionários apresenta.

Os meus amigos advogados já haviam me ensinado a diferença.

Usando uma linguagem mais simples para que todos nós, leigos, possamos entender:

TAXA – Tipo de tributo para o qual há uma contrapartida, a prestação de um serviço por exemplo. Nós pagamos a taxa do lixo para que a prefeitura retire o lixo; pagamos a taxa de iluminação pública para que haja iluminação nas vias públicas…
IMPOSTO – Tipo de tributo para o qual não há uma contrapartida específica. Nós pagamos Imposto de Renda porque temos renda; pagamos IPTU, porque temos uma casa, um apartamento, um terreno; pagamos IPVA, porque temos um automóvel, um barco, um avião…
 TRIBUTO – É um termo genérico. Engloba taxas, impostos e contribuições.  É tudo aquilo que pagamos para viver na “tribo”, ou seja, em sociedade. Daí o tribuno para nos representar e o tribunal para julgar os que vivem na tribo.


Qual é o plural de SEM-TERRA?

Pergunta de vários leitores: “Muitos usam a palavra “sem-terras” no singular, outros no plural. Qual é o certo?”

As palavras compostas com a preposição SEM, tipo sem-terra e sem-teto são invariáveis. Devemos dizer “os sem-terra” e “os sem-teto”.

Não seguem, portanto, a regra que manda flexionar o segundo elemento (=substantivo) quando o primeiro for invariável (=preposição): contra-ataques, vice-campeões.

PAROXÍTONAS - Palavras paroxítonas terminadas em ‘em’ ou ‘ens’ não recebem acento - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Palavras paroxítonas terminadas em ‘em’ ou ‘ens’ não recebem acento

Deu no jornal: “Por causa destes cinco ítens, que causaram a reprovação…”

Observação de um leitor: “Desconheço as regras que permitam acentuar a palavra ítens.”

Eu também.

As palavras paroxítonas terminadas em “em” ou “ens” não recebem acento gráfico: jovem, jovens; ordem, ordens; nuvem, nuvens; homem, homens; modem, modens; item, itens; polens, abdomens, liquens, hifens…



O PLURAL DE BRASIL É BRASIS?

É isso mesmo.

As palavras terminadas em “il” fazem plural segundo a posição da sílaba tônica:

a)    Palavras oxítonas = a terminação “il” vira “is”: funil – funis; barril – barris; Brasil – Brasis;

b)    Palavras paroxítonas = a terminação “il” vira “eis”: projétil – projéteis; estêncil – estênceis; fóssil – fósseis.

MAGÉRRIMO ou MACÉRRIMO?

Internauta quer saber se a forma “magérrimo” já é aceitável.

O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, registra duas formas: magérrimo e macérrimo.

O dicionário Aurélio registra, mas classifica “magérrimo” como um superlativo anormal.

O dicionário Michaelis também registra. Classifica “magérrimo” como anormal e diz que o certo é macérrimo.

Não é uma questão de certo ou errado. As duas formas são aceitáveis.

A forma “magérrimo” é característica da linguagem coloquial brasileira. Sem dúvida, é a variante mais usada.

Em textos formais, que exijam o padrão culto, o melhor é usar macérrimo.

FEMURAL ou FEMORAL?

Comentário de um leitor: “Na reportagem sobre a internação de um artista, o texto explicativo e o desenho ilustrativo do procedimento médico de cateterismo para a cinecoronariografia indicam a artéria “femural”, quando o correto é FEMORAL”

O nosso leitor está certíssimo. Embora o osso da coxa seja o FÊMUR com “u”, o adjetivo a ele relacionado deve ser escrito com “o”, ou seja, o certo é FEMORAL.

ATEMPORAL ou INTEMPORAL?

Internauta quer saber se a palavra ATEMPORAL está errada, pois, segundo ele, não encontrou em nenhum dicionário pesquisado.

Até bem pouco tempo, ensinava aos meus alunos que, embora a forma ATEMPORAL fosse de uso corrente, o certo era usar o adjetivo INTEMPORAL. Mas a língua é viva…

O novo dicionário Aurélio e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela Academia Brasileira de Letras, já registram a palavra ATEMPORAL.

Assim sendo, não se considera “erro” o uso do adjetivo ATEMPORAL. Temos oficialmente as duas opções: INTEMPORAL ou ATEMPORAL. Você decide.

IR A ou IR PARA?

Leitor quer saber qual é a distinção entre “eu vou a São Paulo” e “eu vou para São Paulo”.

As duas formas são corretas. A regência do verbo IR aceita tanto a preposição “a” quanto a preposição “para”. A diferença é semântica, ou seja, há uma pequena alteração no sentido da frase.

O uso da preposição “a”, nesse caso, dá uma ideia de “transitoriedade”, de algo “passageiro”; a preposição “para” dá uma ideia de “permanência”, de algo “definitivo”.

Se você viajar a São Paulo, eu imagino uma viagem a serviço, que você vai e volta no mesmo dia, que se trata de uma viagem rápida.

Caso você viaje para São Paulo, eu posso imaginar que você foi transferido e vai ficar morando em São Paulo ou que se trata de uma viagem longa, sem data para voltar.

É interessante observar que, na linguagem popular, quando alguém é demitido ou um jogador é expulso de campo, dizemos que ele “foi pra rua” ou “foi pra fora”. É a ideia de “coisa definitiva”, e não transitória.

Assim sendo, no seu trabalho, uma “saidinha” é “ir à rua”. Quem “vai pra rua” geralmente não volta. É como a garotada que vai “pra noite” ou “pra praia”. É quem não tem hora para voltar.

É a velha dúvida de quem não sabe se manda alguém “a” ou “para” algum lugar.

É preciso usar moderação para compreender a língua portuguesa - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



É preciso usar moderação para compreender a língua portuguesa

Muitos leitores que me questionam sobre o fato de frequentemente eu afirmar que determinada dúvida não se trata de um problema do tipo certo ou errado.

Em razão disso, vou reproduzir uma coluna já publicada aqui.

O primeiro destaque é o professor Walmírio Macedo, mestre a quem muito respeito. Tive a honra de merecer um fax que é um verdadeiro tratado sobre o ensino da nossa querida língua portuguesa.

Reproduzo aqui alguns trechos para que os leitores possam tirar suas próprias conclusões:

“Passou-se a defender que tudo é certo. O mal que esse tipo de colocação provocou no ensino da Língua Portuguesa no Brasil foi muito grande, pois criou um desinteresse geral pelos estudos da língua propriamente dita, colocando nas escolas no seu lugar o estudo de conceitos linguísticos. Infelizmente, isso causou um atraso. É bem verdade que vivíamos uma época de exagerado ensino gramatical, de ensino da gramática pela gramática. Mas a substituição foi pior. Graças às colunas de Língua Portuguesa, o interesse pelos estudos da língua parece retornar ou reavivar.

Não se pode nem se deve ser radical em nenhum campo da vida humana. Todo usuário da língua tem de se preocupar em conhecer os elementos mínimos que lhe ofereçam a opção de uma linguagem padrão oficial, geral. Como temos de usar determinadas roupas para determinadas ocasiões, temos de ter a nossa linguagem, a linguagem apropriada. Dessa forma, o conceito de correto e incorreto pode coincidir com o de adequado e inadequado.”

O segundo destaque é o nosso querido mestre Evanildo Bechara. Vejam o que ele disse a respeito do conceito de certo e errado:

“Até bem pouco tempo, a língua foi vista como um organismo homogêneo e unitário, e a linguística veio mostrar que não, que a grande característica da linguagem humana é a variedade, porque ela acompanha o homem e, como o homem não é igual numa mesma sociedade, a sua expressão linguística não pode ser igual. Então os linguistas procuram mostrar que a linguagem se caracteriza pela sua multiplicidade de realidades.

Então, o que é correto na língua? É tudo aquilo que está de acordo com uma tradição. Correto é tudo que está na norma de uma realidade. Ora, como na língua há diversas realidades, uma língua não é um sistema, é um conjunto de sistemas, cada sistema tem a sua norma. Se existe uma comunidade que diz “chegar em casa”, essa é a norma da comunidade; se existe uma outra comunidade que diz “chegar a casa”, essa é a norma.

Agora, em casa nós comemos peixe e carne com o mesmo talher, bebemos água e vinho no mesmo copo. Essa é a norma. Mas, se formos a um restaurante sofisticado, encontramos o copo de vinho, o copo de água, o talher de carne, o talher de peixe. O que isso significa? Isso significa que acima das normas, existe a etiqueta social. Então, o que é correto? A palavra correto já não serve. A palavra que se vai usar é exemplar. E o que é exemplar? Exemplar é aquilo que você, como pessoa de cultura, está condicionado a usar: “chegar a casa”; “faz dez anos”; “deram 10h”. Isso não é correto nem incorreto, é o exemplar. É aquilo que pessoas, através das gerações, escolheram como modelos exemplares. E onde está essa exemplaridade? Está nas boas gramáticas, nos bons dicionários, e no uso efetivo dos escritores modelares, nos escritores clássicos.”

Aqui estão as opiniões de dois grandes estudiosos da nossa língua.

Como todos podem observar, nada de radicalismos. É por isso que, sempre que possível, tento fugir do tradicional conceito do certo e errado.

Prefiro a moderação, o conceito de adequação. Isso não significa aceitar o “erro”. Isso significa analisar caso a caso, ter bom senso, ver que determinados fatos linguísticos podem ser adequados em certas situações, observar com mais atenção os casos polêmicos, estar atento às transformações da língua, ouvir os especialistas e ter a humildade de pedir a opinião dos seus leitores.

Em qualquer festa, um croquete bem feito tem seu valor.



CRASE?

Internauta quer saber se na frase “…sua competência aliada a forte dose de bom humor tem contribuído para melhorar meu desempenho profissional…” está faltando o acento da crase.

Ela pergunta: “em aliada a forte dose de bom humor, usa-se ou não a preposição?”

Há preposição, mas não ocorre a crase: “…aliada a forte dose de bom humor…”

A preposição “a” é exigência do adjetivo “aliado”: aquilo que está aliado está aliado “a” alguma coisa.

Não ocorre crase por falta do artigo definido feminino “a”. A tal “forte dose de bom humor” está usada num sentido genérico (= sem artigo definido). É como se fosse: “sua competência está aliada a uma forte dose de bom humor”. Repare na ausência de artigo definido, caso fosse um substantivo masculino: “…sua competência está aliada a forte empenho…”

Portanto, não ocorre a crase porque temos apenas a preposição “a”.



Avaliação técnica-econômica ou técnico-econômica?

O correto é “avaliação técnico-econômica”.

Quando temos um adjetivo composto, somente o segundo elemento se flexiona: “candidatos social-democratas”, “olhos azul-claros”, “questões luso-brasileiras”, “problemas político-econômicos”…


Fonte: G1 Dicas de Português