VOLTA À CENA E PROTESTA CONTRA POLÍTICA DO GOVERNO
Trabalho enviado por:
Stela Mary
Recentemente teve início uma greve de professores e servidores nas Universidades Federais brasileiras que mobilizou a princípio alguns grupos, mas logo recebeu a adesão de toda a categoria, inclusive com o respaldo estudantil. Os estudantes ficaram do lado dos professores que estão sem aumento há mais de três anos e apoiaram a greve, incluindo na pauta de reivindicações a defesa do ensino público contra a privatização.
Desde o Impeachement do presidente Fernando Collor, os estudantes parecem ter perdido a motivação. Eles já não são tantos nas ruas a protestarem contra os descaminhos da política brasileira. A mobilização hoje é bem menor do que durante o episódio do impeachement e muito inferior às multidões da década de 60. Por que não há uma postura mais combativa em relação à política de Fernando Henrique Cardoso, já que os próprios integrantes do movimento estudantil afirmam ser a continuação da política do outro Fernando? Quais as razões para os jovens em geral estarem desmotivados a lutar pelas causas sociais?
Na opinião dos críticos do movimento não há um posicionamento firme e organizado por parte do setor estudantil e isso implica dizer que a categoria possa estar passando por uma fase de estagnação. Mas essa fase nunca foi tão longa, pois se observarmos a história do movimento estudantil, em outros tempos houve períodos de relativa paralisia dos jovens em relação à política mas, apenas, relativa.
Líderes do movimento rebatem às críticas afirmando que apesar de haver uma desarticulação em alguns grupos, os estudantes não estão em estado de paralisia. "Estamos nos reorganizando aos poucos. Aqui em Recife, por exemplo, estamos realizando atividades visando o engajamento dos jovens em campanhas como a do voto aos 16, e a campanha pelo primeiro emprego, sem contar com a nossa principal bandeira que é a luta pelo ensino público de qualidade nas escolas e universidades", assegura o presidente da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (UMES), Isaac Araújo. Estudante do curso de biblioteconomia da UFPE, Isaac vem acumulando desde abril as presidências da UMES e União da Juventude Socialista (UJS) do Recife.
Na Campanha pelo Voto aos 16, representantes do movimento incentivam os estudantes entre 16 e 18 anos a tirarem seus títulos de eleitores, visto que nessa idade o voto é facultativo. Esta iniciativa é considerada pelos líderes do movimento como um exercício de cidadania necessário para que haja maior engajamento da juventude no processo político-social do país. E a Campanha pelo Primeiro Emprego vai colocar os jovens (principalmente entre 15 e 25 anos) a par da realidade brasileira em relação à política de exclusão social que resulta em milhões de desempregados, de acordo com a visão de lideranças jovens. O objetivo é pressionar as autoridades competentes a elaborarem programas, apresentando soluções para o problema. "A maioria dos jovens, principalmente os que pertencem à comunidade de baixa renda da população, se encontra sem perspectivas diante da realidade que vivemos, em que conseguir um emprego está cada vez mais difícil, e mais ainda para quem não tem experiência anterior", lamenta Isaac Araújo. Além destas campanhas, o Movimento Estudantil no Recife está organizando o próximo congresso da UMES a ser realizado ainda este ano. O Congresso da UJS aconteceu no início do mês de maio e contou com a presença de lideranças da esquerda pernambucana.
Ditadura é culpada - O distanciamento da política, em que se mantém a maioria dos jovens brasileiros, encontra explicação nos mais de 20 anos de ditadura militar vivida no Brasil. Pelo menos é o que acredita líderes do movimento, como o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Ricardo Cappelli, 26 anos. "A geração de hoje vive sob a influência da ditadura, por isso não está acostumada ao debate. Muitos são guiados pela lógica neoliberal do individualismo. Cada um na sua, e se possível, com alguma coisa em comum. E não poderia deixar de ser assim por causa do longo período de ditadura vivido no país", justifica. Cappelli acredita na candidatura de Lula (PT) como oposição à Fernando Henrique Cardoso por ainda ser o petista a maior liderança de esquerda no país, mas afirma que a entidade não irá apoiar, oficialmente, nenhum candidato. Ele afirma que a função da UNE é lutar por uma política educacional que não discrimine os cidadãos, que leve oportunidade a todos de ter acesso ao ensino público e de qualidade. O resto é conseqüência. "Mas é claro que se a sociedade estiver vivendo uma situação crítica, um momento ímpar como foi o impeachement de Collor, temos que aderir às manifestações", diz ele.Cappelli admite que falta debate, mas nega que os jovens estejam despolitizados.
Há quem discorde do presidente da UNE. O ex-militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), Carlos Eugênio Paz, 48, recorda que os jovens de sua época(décadas de 60 e 70) eram mais determinados, mais politizados. "Naquela época garotos de 14, 15 anos, já pegavam em armas para lutar contra a ditadura. E hoje o que fazem? São jovens consumistas e cada vez mais individualistas. É a geração shopping center. Vivem vidrados na Xuxa e no Ratinho. Não generalizo, mas a maioria dos jovens de hoje não está nem aí para a política". Carlos Eugênio entrou na luta armada com apenas 16 anos e, recentemente, escreveu dois livros contando suas experiências: Viagem à Luta Armada e Nas Trilhas da ALN.
Na opinião da deputada estadual e ex-dirigente da UNE Luciana Santos (PCdoB), o desinteresse dos jovens em relação à política se deve ao esfriamento e, em alguns casos, ao fim das grandes organizações de esquerda no mundo. "A juventude perdeu os seus referenciais e está sem perspectivas", analisa a deputada.
Entidades Estão Desorganizadas
Como exemplo da desarticulação em que se encontra o movimento no estado, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) estão há algum tempo sem Diretório Central, a entidade máxima dos estudantes dentro da universidade. Na Católica a antiga diretoria causou um rombo de cerca de 20 mil reais nos cofres daquele D.C.E. e entre os credores está a Antarctica. São dívidas referentes à gastos com calouradas, desvios de dinheiro das carteiras estudantis e não pagamento de funcionários.
A Unicap tem 40 cursos e apenas 11 Diretórios Acadêmicos, o que demonstra um grande desinteresse da estudantada em relação aos problemas não apenas da universidade mas da educação em geral. E como que por falta de alternativas, integrantes da antiga diretoria do DCE manifestam interesse em reassumir o diretório. Contra eles uniram-se outros estudantes, fundando o Grupo Despertar, mesmo grupo responsável atualmente pelo D.A de Direito que já está com mais de um ano de gestão.
O presidente do Diretório Acadêmico de Direito da Unicap, Samuel Vitalino diz que a preocupação agora é negociar o débito do Diretório Central para então, reabrí-lo. E segundo ele, vai ser possível liqüidar uma parte considerável da dívida com os fundos arrecadados com a confecção das carteiras de estudante deste ano. E no que diz respeito às manifestações sociais Samuel Vitalino é incisivo ao opinar que as entidades estudantis não devem se envolver tanto com política. "Por que os estudantes devem levantar a bandeira dos Sem Terra? Quando foi que eles se manifestaram a favor por exemplo da continuidade do crédito estudantil na universidade particular ou pela melhoria do ensino"?
De qualquer forma, o estudante de Direito Breno Luz explica que "até onde vai o direito do cidadão possuir seu pedaço de terra, os estudantes do curso apoiam os Sem Terra com base no artigo V da Constituição de 1988. Mas, de acordo com Samuel "não é interessante para os líderes do movimento que a Reforma Agrária seja feita, por que se isso acontecer, encerra-se a atividade deles, e eles vivem disso". Segundo Samuel é por isso que às vezes eles recusam terra quando o governo tenta fazer alguns assentamentos, alegando não ser fértil para o cultivo. "Como é que eles sabem se nem chegaram a plantar?", critica o estudante.
É por esse e outros motivos que ele não concorda que os estudantes devam participar intensamente da política, afinal eles já têm seus próprios problemas para resolver. "Devemos levantar a bandeira da classe estudantil, dos problemas que afligem a educação no país e de cada curso especificamente, pedir mais incentivo à pesquisa entre outras coisas", defende.
O presidente regional da UNE, Luiz Henrique, 23, não gosta de comparar o movimento de hoje com o de décadas passadas. Para ele, o contexto social na época do Regime Militar, por exemplo, era muito diferente do atual. Ele até concorda que a maioria dos jovens está despolitizada, mas isso se deve "ao desestímulo geral criado na sociedade e nas universidades em se participar da vida política. Antigamente, os professores se envolviam mais e incentivavam os alunos a defenderem certas posições políticas", arrisca.
O desinteresse dos jovens também é creditado a um certo receio quanto a ameaça de um retorno da repressão caso as coisas tomem um rumo que fuja ao controle dos governantes. "Não acredito que o Brasil sofra um retrocesso tão grande, mas muita gente guarda um receio em relação a isso". Estudante de economia da UFPE e filiado ao PCdoB, Luiz Henrique conta que quando começou a militância, sua mãe tentou convencê-lo de que essa atividade poderia ser perigosa. A preocupação da mãe do estudante pode ter fundamento quando se confirmam fatos como o que aconteceu na Bolívia: há uns três meses estudantes bolivianos sofreram repressão da polícia devido a manifestações e houve denúncias de torturas. No último mês de maio seis estudantes foram mortos em manifestações contra o governo do presidente Suharto, na Indonésia. Motivo: aumento da inflação e do desemprego e desvalorização da rúpia, moeda local.
Quanto ao DCE da Federal, Luiz Henrique foi o último presidente e explica que houve um problema político interno. Nas últimas eleições para a diretoria, em 1995, houve uma pequena diferença no resultado, entre 50 e 60 votos. A chapa vencedora ficou pouco tempo na administração, pois a adversária queria novas eleições e criou-se um clima insustentável de divergência. Segundo Luiz Henrique a chapa derrotada começou a prejudicar o andamento da gestão o que resultou no fechamento do DCE. Tentou-se realizar novas eleições, mas vieram as férias e não teve quórum, depois o Congresso da UNE, greve dos professores... Enfim, uma série de fatos que adiaram as novas eleições. Mas o dirigente assegura que há uma mobilização para reabrir estes diretórios em breve.
Desde o Impeachement do presidente Fernando Collor, os estudantes parecem ter perdido a motivação. Eles já não são tantos nas ruas a protestarem contra os descaminhos da política brasileira. A mobilização hoje é bem menor do que durante o episódio do impeachement e muito inferior às multidões da década de 60. Por que não há uma postura mais combativa em relação à política de Fernando Henrique Cardoso, já que os próprios integrantes do movimento estudantil afirmam ser a continuação da política do outro Fernando? Quais as razões para os jovens em geral estarem desmotivados a lutar pelas causas sociais?
Na opinião dos críticos do movimento não há um posicionamento firme e organizado por parte do setor estudantil e isso implica dizer que a categoria possa estar passando por uma fase de estagnação. Mas essa fase nunca foi tão longa, pois se observarmos a história do movimento estudantil, em outros tempos houve períodos de relativa paralisia dos jovens em relação à política mas, apenas, relativa.
Líderes do movimento rebatem às críticas afirmando que apesar de haver uma desarticulação em alguns grupos, os estudantes não estão em estado de paralisia. "Estamos nos reorganizando aos poucos. Aqui em Recife, por exemplo, estamos realizando atividades visando o engajamento dos jovens em campanhas como a do voto aos 16, e a campanha pelo primeiro emprego, sem contar com a nossa principal bandeira que é a luta pelo ensino público de qualidade nas escolas e universidades", assegura o presidente da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (UMES), Isaac Araújo. Estudante do curso de biblioteconomia da UFPE, Isaac vem acumulando desde abril as presidências da UMES e União da Juventude Socialista (UJS) do Recife.
Na Campanha pelo Voto aos 16, representantes do movimento incentivam os estudantes entre 16 e 18 anos a tirarem seus títulos de eleitores, visto que nessa idade o voto é facultativo. Esta iniciativa é considerada pelos líderes do movimento como um exercício de cidadania necessário para que haja maior engajamento da juventude no processo político-social do país. E a Campanha pelo Primeiro Emprego vai colocar os jovens (principalmente entre 15 e 25 anos) a par da realidade brasileira em relação à política de exclusão social que resulta em milhões de desempregados, de acordo com a visão de lideranças jovens. O objetivo é pressionar as autoridades competentes a elaborarem programas, apresentando soluções para o problema. "A maioria dos jovens, principalmente os que pertencem à comunidade de baixa renda da população, se encontra sem perspectivas diante da realidade que vivemos, em que conseguir um emprego está cada vez mais difícil, e mais ainda para quem não tem experiência anterior", lamenta Isaac Araújo. Além destas campanhas, o Movimento Estudantil no Recife está organizando o próximo congresso da UMES a ser realizado ainda este ano. O Congresso da UJS aconteceu no início do mês de maio e contou com a presença de lideranças da esquerda pernambucana.
Ditadura é culpada - O distanciamento da política, em que se mantém a maioria dos jovens brasileiros, encontra explicação nos mais de 20 anos de ditadura militar vivida no Brasil. Pelo menos é o que acredita líderes do movimento, como o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Ricardo Cappelli, 26 anos. "A geração de hoje vive sob a influência da ditadura, por isso não está acostumada ao debate. Muitos são guiados pela lógica neoliberal do individualismo. Cada um na sua, e se possível, com alguma coisa em comum. E não poderia deixar de ser assim por causa do longo período de ditadura vivido no país", justifica. Cappelli acredita na candidatura de Lula (PT) como oposição à Fernando Henrique Cardoso por ainda ser o petista a maior liderança de esquerda no país, mas afirma que a entidade não irá apoiar, oficialmente, nenhum candidato. Ele afirma que a função da UNE é lutar por uma política educacional que não discrimine os cidadãos, que leve oportunidade a todos de ter acesso ao ensino público e de qualidade. O resto é conseqüência. "Mas é claro que se a sociedade estiver vivendo uma situação crítica, um momento ímpar como foi o impeachement de Collor, temos que aderir às manifestações", diz ele.Cappelli admite que falta debate, mas nega que os jovens estejam despolitizados.
Há quem discorde do presidente da UNE. O ex-militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), Carlos Eugênio Paz, 48, recorda que os jovens de sua época(décadas de 60 e 70) eram mais determinados, mais politizados. "Naquela época garotos de 14, 15 anos, já pegavam em armas para lutar contra a ditadura. E hoje o que fazem? São jovens consumistas e cada vez mais individualistas. É a geração shopping center. Vivem vidrados na Xuxa e no Ratinho. Não generalizo, mas a maioria dos jovens de hoje não está nem aí para a política". Carlos Eugênio entrou na luta armada com apenas 16 anos e, recentemente, escreveu dois livros contando suas experiências: Viagem à Luta Armada e Nas Trilhas da ALN.
Na opinião da deputada estadual e ex-dirigente da UNE Luciana Santos (PCdoB), o desinteresse dos jovens em relação à política se deve ao esfriamento e, em alguns casos, ao fim das grandes organizações de esquerda no mundo. "A juventude perdeu os seus referenciais e está sem perspectivas", analisa a deputada.
Entidades Estão Desorganizadas
Como exemplo da desarticulação em que se encontra o movimento no estado, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) estão há algum tempo sem Diretório Central, a entidade máxima dos estudantes dentro da universidade. Na Católica a antiga diretoria causou um rombo de cerca de 20 mil reais nos cofres daquele D.C.E. e entre os credores está a Antarctica. São dívidas referentes à gastos com calouradas, desvios de dinheiro das carteiras estudantis e não pagamento de funcionários.
A Unicap tem 40 cursos e apenas 11 Diretórios Acadêmicos, o que demonstra um grande desinteresse da estudantada em relação aos problemas não apenas da universidade mas da educação em geral. E como que por falta de alternativas, integrantes da antiga diretoria do DCE manifestam interesse em reassumir o diretório. Contra eles uniram-se outros estudantes, fundando o Grupo Despertar, mesmo grupo responsável atualmente pelo D.A de Direito que já está com mais de um ano de gestão.
O presidente do Diretório Acadêmico de Direito da Unicap, Samuel Vitalino diz que a preocupação agora é negociar o débito do Diretório Central para então, reabrí-lo. E segundo ele, vai ser possível liqüidar uma parte considerável da dívida com os fundos arrecadados com a confecção das carteiras de estudante deste ano. E no que diz respeito às manifestações sociais Samuel Vitalino é incisivo ao opinar que as entidades estudantis não devem se envolver tanto com política. "Por que os estudantes devem levantar a bandeira dos Sem Terra? Quando foi que eles se manifestaram a favor por exemplo da continuidade do crédito estudantil na universidade particular ou pela melhoria do ensino"?
De qualquer forma, o estudante de Direito Breno Luz explica que "até onde vai o direito do cidadão possuir seu pedaço de terra, os estudantes do curso apoiam os Sem Terra com base no artigo V da Constituição de 1988. Mas, de acordo com Samuel "não é interessante para os líderes do movimento que a Reforma Agrária seja feita, por que se isso acontecer, encerra-se a atividade deles, e eles vivem disso". Segundo Samuel é por isso que às vezes eles recusam terra quando o governo tenta fazer alguns assentamentos, alegando não ser fértil para o cultivo. "Como é que eles sabem se nem chegaram a plantar?", critica o estudante.
É por esse e outros motivos que ele não concorda que os estudantes devam participar intensamente da política, afinal eles já têm seus próprios problemas para resolver. "Devemos levantar a bandeira da classe estudantil, dos problemas que afligem a educação no país e de cada curso especificamente, pedir mais incentivo à pesquisa entre outras coisas", defende.
O presidente regional da UNE, Luiz Henrique, 23, não gosta de comparar o movimento de hoje com o de décadas passadas. Para ele, o contexto social na época do Regime Militar, por exemplo, era muito diferente do atual. Ele até concorda que a maioria dos jovens está despolitizada, mas isso se deve "ao desestímulo geral criado na sociedade e nas universidades em se participar da vida política. Antigamente, os professores se envolviam mais e incentivavam os alunos a defenderem certas posições políticas", arrisca.
O desinteresse dos jovens também é creditado a um certo receio quanto a ameaça de um retorno da repressão caso as coisas tomem um rumo que fuja ao controle dos governantes. "Não acredito que o Brasil sofra um retrocesso tão grande, mas muita gente guarda um receio em relação a isso". Estudante de economia da UFPE e filiado ao PCdoB, Luiz Henrique conta que quando começou a militância, sua mãe tentou convencê-lo de que essa atividade poderia ser perigosa. A preocupação da mãe do estudante pode ter fundamento quando se confirmam fatos como o que aconteceu na Bolívia: há uns três meses estudantes bolivianos sofreram repressão da polícia devido a manifestações e houve denúncias de torturas. No último mês de maio seis estudantes foram mortos em manifestações contra o governo do presidente Suharto, na Indonésia. Motivo: aumento da inflação e do desemprego e desvalorização da rúpia, moeda local.
Quanto ao DCE da Federal, Luiz Henrique foi o último presidente e explica que houve um problema político interno. Nas últimas eleições para a diretoria, em 1995, houve uma pequena diferença no resultado, entre 50 e 60 votos. A chapa vencedora ficou pouco tempo na administração, pois a adversária queria novas eleições e criou-se um clima insustentável de divergência. Segundo Luiz Henrique a chapa derrotada começou a prejudicar o andamento da gestão o que resultou no fechamento do DCE. Tentou-se realizar novas eleições, mas vieram as férias e não teve quórum, depois o Congresso da UNE, greve dos professores... Enfim, uma série de fatos que adiaram as novas eleições. Mas o dirigente assegura que há uma mobilização para reabrir estes diretórios em breve.
Entre Perdas e Ganhos, os estudantes têm intensa participação na História do Brasil
Fundada há 61 anos, a União Nacional dos Estudantes (UNE) continua resistindo aos embates e combates travados na cena política brasileira. Mas a participação dos jovens na política diminuiu muito nos últimos anos, dando margem ao que se chama de alienação. Vale lembrar que a participação jovem na política vem de bem antes da UNE. Ainda no Brasil Colônia e no Império eles formavam grupos e sociedades em favor da Abolição da Escravatura e pela implantação da República, só para citar duas bandeiras de destaque erguidas pela juventude brasileira.
Na primeira década deste século um trágico episódio marcou a vida da sociedade brasileira: José de Araújo Guimarães e Francisco Pedro Ribeiro Junqueira são assassinados, em plena luz do dia, por uma Brigada Policial. Os policiais foram enviados para conter uma manifestação de estudantes durante a Campanha Civilista da oposição, que tinha Rui Barbosa como candidato à Presidência da República, contra o marechal Hermes da Fonseca.
O Movimento Estudantil no Brasil tem uma trajetória longa de lutas, com perdas e ganhos, erros e acertos. As conquistas foram obtidas com muito sangue e suor. Jovens, em geral entre 15 e 25 anos, nas escolas, universidades ou sedes de partidos, se reuniam e passavam horas a discutir os problemas do país. Ganhavam as ruas para protestar contra regimes autoritários, a falta de liberdade de expressão e pedir igualdade de oportunidades. Ergueram diversas bandeiras por causas sociais.
Estudantes sofreram forte repressão militar
Durante sua existência a UNE acumulou muitas lutas. Desde sua criação em 1937, mesmo ano do Estado Novo de Getúlio, começou a sofrer interferência dos governantes sempre que se colocava como força de peso no cenário político. Um exemplo dessa intervenção aconteceu em 1951, quando o Ministério da Educação cuidou junto com uma organização norte-americana, a United States Agency for International Development (Usaid) de deter as ações comunistas no meio universitário. Agentes norte-americanos, disfarçados de estudantes, se infiltraram em universidades brasileiras com o fim de combater as idéias comunistas.
Essa ação se estendeu a vários estados. Na época de Getúlio, cujo governo tinha cunho nacionalista, encontrou uma certa resistência. E já nos anos 60 Pernambuco foi um dos poucos estados a denunciar a farsa publicamente. Uma comissão criada pelo então governador Miguel Arraes definiu os acordos educacionais feitos com os Estados Unidos como perniciosos ao Estado.
Outro exemplo da forte repressão ao movimento estudantil brasileiro foi a aplicação da Lei nº 4.464, de 9 de novembro de 1964, conhecida como Lei Suplicy de Lacerda (então Ministro da Educação), que extinguia a UNE. No ano do golpe, a entidade era presidida por José Serra, atual Ministro da Saúde de FHC. A partir daí, vários estudantes foram perseguidos. Uns foram mortos, alguns foram para o exílio e outros continuam desaparecidos até hoje.
1968: o ano que não terminou - Este é o título do livro de Zuenir Ventura. E este ano ficou fortemente marcado na história do Brasil. Há quatro anos, os brasileiros estavam vivendo sob o autoritarismo e violência do Regime Militar. Pessoas haviam sido mortas e outras se encontravam desaparecidas. As manifestações de protesto contra o regime continuavam firmes, mas um fato agravou a situação: o estudante Edson Luiz Lima Souto, 17 anos, foi morto pela Polícia Militar no restaurante universitário Calabouço, no Rio de Janeiro.
A morte de Edson Luiz despertou diversos setores da sociedade. Uma multidão de pessoas movidas pelo sentimento de indignação e revolta ganharam as ruas para protestar. Entre outros fatos, no dia 26 de junho aconteceu no Rio a Passeata dos Cem Mil. E muitas outraspasseatas se seguiram a esta. No entanto, dia 5 de julho uma nota do Ministro da Justiça proibiu as passeatas. No final do ano, dia 13 de dezembro, o presidente Costa e Silva decretou o Ato Institucional nº 5, que fechou o Congresso Nacional e intensificou a perseguição aos opositores do regime.
Manifestações populares aconteciam com intensidade também na França dominada pelo marechal De Gaulle. No dia 7 de maio deste ano sete mil estudantes entraram em choque com a polícia, em Paris. Universidades foram fechadas. E ainda no mês de maio, 10 milhões de grevistas pararam a França. Em junho a violência tomou novamente as ruas de Paris, e resultou na morte de um estudante e um operário.
Além do Brasil e da França, acontecimentos semelhantes foram noticiados nos jornais locais também na Itália, Venezuela, Colômbia e Espanha. Todos envolvendo trabalhadores e/ou estudantes, contra o autoritarismo e a política de seus respectivos governos.
Pouco interesse pela política e um Movimento de pouca dimensão
É possível, ainda, encontrar grupos de estudantes reunidos, discutindo política ou estudando o manifesto comunista de Marx e Engels, mas, a quantidade de jovens engajados caiu drasticamente nos últimos anos. A redução dessa participação pode ser constatada nas manifestações de rua atualmente. Hoje, ao invés de 100 mil, o movimento mal arrasta algumas centenas, o que o torna quase inexpressivo e sem força para interferir nas grandes questões políticas. No entanto, os líderes rebatem apontando para os números de manifestantes em episódios isolados como o Impeachment de Collor e os protestos contra a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, no início do ano passado, que arregimentou cerca de 6 mil manifestantes só no Recife. Há quem diga que os meios de comunicação contribuíram muito para o quadro atual da sociedade, de completa alienação política pela maioria da população. Para esses, a mídia exerce um forte poder de mobilização e a classe dominante se utiliza deste recurso para manipular o comportamento das massas.
Fundada há 61 anos, a União Nacional dos Estudantes (UNE) continua resistindo aos embates e combates travados na cena política brasileira. Mas a participação dos jovens na política diminuiu muito nos últimos anos, dando margem ao que se chama de alienação. Vale lembrar que a participação jovem na política vem de bem antes da UNE. Ainda no Brasil Colônia e no Império eles formavam grupos e sociedades em favor da Abolição da Escravatura e pela implantação da República, só para citar duas bandeiras de destaque erguidas pela juventude brasileira.
Na primeira década deste século um trágico episódio marcou a vida da sociedade brasileira: José de Araújo Guimarães e Francisco Pedro Ribeiro Junqueira são assassinados, em plena luz do dia, por uma Brigada Policial. Os policiais foram enviados para conter uma manifestação de estudantes durante a Campanha Civilista da oposição, que tinha Rui Barbosa como candidato à Presidência da República, contra o marechal Hermes da Fonseca.
O Movimento Estudantil no Brasil tem uma trajetória longa de lutas, com perdas e ganhos, erros e acertos. As conquistas foram obtidas com muito sangue e suor. Jovens, em geral entre 15 e 25 anos, nas escolas, universidades ou sedes de partidos, se reuniam e passavam horas a discutir os problemas do país. Ganhavam as ruas para protestar contra regimes autoritários, a falta de liberdade de expressão e pedir igualdade de oportunidades. Ergueram diversas bandeiras por causas sociais.
Estudantes sofreram forte repressão militar
Durante sua existência a UNE acumulou muitas lutas. Desde sua criação em 1937, mesmo ano do Estado Novo de Getúlio, começou a sofrer interferência dos governantes sempre que se colocava como força de peso no cenário político. Um exemplo dessa intervenção aconteceu em 1951, quando o Ministério da Educação cuidou junto com uma organização norte-americana, a United States Agency for International Development (Usaid) de deter as ações comunistas no meio universitário. Agentes norte-americanos, disfarçados de estudantes, se infiltraram em universidades brasileiras com o fim de combater as idéias comunistas.
Essa ação se estendeu a vários estados. Na época de Getúlio, cujo governo tinha cunho nacionalista, encontrou uma certa resistência. E já nos anos 60 Pernambuco foi um dos poucos estados a denunciar a farsa publicamente. Uma comissão criada pelo então governador Miguel Arraes definiu os acordos educacionais feitos com os Estados Unidos como perniciosos ao Estado.
Outro exemplo da forte repressão ao movimento estudantil brasileiro foi a aplicação da Lei nº 4.464, de 9 de novembro de 1964, conhecida como Lei Suplicy de Lacerda (então Ministro da Educação), que extinguia a UNE. No ano do golpe, a entidade era presidida por José Serra, atual Ministro da Saúde de FHC. A partir daí, vários estudantes foram perseguidos. Uns foram mortos, alguns foram para o exílio e outros continuam desaparecidos até hoje.
1968: o ano que não terminou - Este é o título do livro de Zuenir Ventura. E este ano ficou fortemente marcado na história do Brasil. Há quatro anos, os brasileiros estavam vivendo sob o autoritarismo e violência do Regime Militar. Pessoas haviam sido mortas e outras se encontravam desaparecidas. As manifestações de protesto contra o regime continuavam firmes, mas um fato agravou a situação: o estudante Edson Luiz Lima Souto, 17 anos, foi morto pela Polícia Militar no restaurante universitário Calabouço, no Rio de Janeiro.
A morte de Edson Luiz despertou diversos setores da sociedade. Uma multidão de pessoas movidas pelo sentimento de indignação e revolta ganharam as ruas para protestar. Entre outros fatos, no dia 26 de junho aconteceu no Rio a Passeata dos Cem Mil. E muitas outraspasseatas se seguiram a esta. No entanto, dia 5 de julho uma nota do Ministro da Justiça proibiu as passeatas. No final do ano, dia 13 de dezembro, o presidente Costa e Silva decretou o Ato Institucional nº 5, que fechou o Congresso Nacional e intensificou a perseguição aos opositores do regime.
Manifestações populares aconteciam com intensidade também na França dominada pelo marechal De Gaulle. No dia 7 de maio deste ano sete mil estudantes entraram em choque com a polícia, em Paris. Universidades foram fechadas. E ainda no mês de maio, 10 milhões de grevistas pararam a França. Em junho a violência tomou novamente as ruas de Paris, e resultou na morte de um estudante e um operário.
Além do Brasil e da França, acontecimentos semelhantes foram noticiados nos jornais locais também na Itália, Venezuela, Colômbia e Espanha. Todos envolvendo trabalhadores e/ou estudantes, contra o autoritarismo e a política de seus respectivos governos.
Pouco interesse pela política e um Movimento de pouca dimensão
É possível, ainda, encontrar grupos de estudantes reunidos, discutindo política ou estudando o manifesto comunista de Marx e Engels, mas, a quantidade de jovens engajados caiu drasticamente nos últimos anos. A redução dessa participação pode ser constatada nas manifestações de rua atualmente. Hoje, ao invés de 100 mil, o movimento mal arrasta algumas centenas, o que o torna quase inexpressivo e sem força para interferir nas grandes questões políticas. No entanto, os líderes rebatem apontando para os números de manifestantes em episódios isolados como o Impeachment de Collor e os protestos contra a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, no início do ano passado, que arregimentou cerca de 6 mil manifestantes só no Recife. Há quem diga que os meios de comunicação contribuíram muito para o quadro atual da sociedade, de completa alienação política pela maioria da população. Para esses, a mídia exerce um forte poder de mobilização e a classe dominante se utiliza deste recurso para manipular o comportamento das massas.
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Stela Mary
FONTE: EDMS – Trabalhos Escolares, Educação & Diversão (ANO 2000 - 2003)
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