No ano em que se comemora o centenário do primeiro vôo de Santos Dumont; o histórico vôo do 14-Bis, o tenente-coronel Marcos César Pontes, natural de Bauru, São Paulo, tornou-se o primeiro brasileiro a viajar ao espaço, na primeira missão científica espacial brasileira.
Marcos Pontes, de 43 anos, engenheiro aeronáutico formado pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), partiu de Baikonu, no Cazaquistão (em 29 de março às 23h30 - horário de Brasília), na nave Soyuz TMA-8, com mais dois tripulantes; o russo Pavel Vinogradov e o americano Jeffrey Williams, em direção a Estação Espacial Internacional (ISS- sigla em inglês).
O astronauta brasileiro permaneceu oito dias na ISS, realizando experimentos científicos da Missão Centenário, enquanto os outros dois astronautas deverão permanecer na Estação Espacial por seis meses.
Experimentos científicos realizados na Estação Espacial Internacional pelo astronauta brasileiro
Cromatografia da clorofila
As substâncias que dão a cor verde às folhas serão separadas num papel de cromatografia na estação espacial. Na Terra, elas provocam um "efeito arco-íris"; Pontes testará o resultado em microgravidade.
Instituição: Secretaria de educação de São José dos Campos (SP)
Danos e reparos do DNA na microgravidade
Bactérias receberão radiação ultravioleta dentro de uma caixa especial. O que se segue é a observação de como os microorganismos vão reparar naturalmente os dados em seu código genético, ou se não o farão, enquanto estiverem no espaço.
Instituição: Universidade Estadual do Rio de Janeiro e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Efeito da microgravidade na cinética das enzimas
Três enzimas serão testadas (invertase, lipase e lipase imobilizada) em cinco concentrações diferentes. Elas são utilizadas hoje nos setores alimentício, farmacêutico e químico como biorreatores, e os cientistas esperam aprimorar seu uso com as informações.
Instituição: Centro Universitário da Faculdade de Engenharia Industrial.
Evaporadores capilares
O experimento funciona como um ciclo de refrigeração, com o transporte do calor de um ambiente quente para um frio, sem a necessidade de bombas, compressores ou qualquer agente externo para acionamento mecânico. O conhecimento pode ser usado na construção de satélites.
Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina.
Germinação de sementes em microgravidade
Sementes de gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), árvore encontrada no cerrado, serão germinadas na Estação Espacial Internacional. Alguns processos biológicos podem ser favorecidos, como o crescimento do embrião da planta, ou prejudicados, como o transporte de hormônios.
Instituição: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
Minitubos de calor
Esta tecnologia já existe e é aplicada largamente na indústria, em computadores portáteis e fornos, por exemplo. Os pesquisadores querem testar uma nova configuração que criaram para evitar um possível superaquecimento do sistema, além de testar seus resultados em um ambiente sem gravidade.
Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina.
Nuvens de interação protéica
A substância responsável pelo brilho dos vaga-lumes é a matéria-prima deste experimento. Dentro de uma caixa escura, ondas acústicas induzirão a bioluminescência pela colisão de gotas d'água cheias de enzimas. Todo o processo será filmado e reproduzido dentro de uma sala com visão 3D.
Instituição: Centro de Pesquisas Renato Archer.
Sementes de feijão
Esta experiência é a versão espacial de uma experiência escolar muito comum, o feijão no algodão molhado. A experiência será realizada ao mesmo tempo por alunos na Terra, para efeito de comparação. As sementes de feijão que retornarem do espaço, serão plantadas e terá seu desenvolvimento monitorado.
Instituição: Secretaria de Educação de São José dos Campos (SP).
Fonte: O Estado de São Paulo
Marcos Pontes retornou em 08 de abril (às 20h47 - horário de Brasília), a bordo a nave Soyuz TMA-7, que estava acoplada à ISS e que serviu de veículo de retorno à Terra. Com ele vieram o russo Valery Tokarev e o americano William McArthur, que haviam permanecido na Estação Espacial Internacional por seis meses.
Controvérsias
A viagem do astronauta brasileiro recebeu críticas de alguns setores, devido ao alto custo ao país. A viagem na Soyuz custou ao Brasil US$10 milhões, além do custo dos oito anos de treinamento do astronauta pela Nasa. Porém, a exploração espacial trouxe inegavelmente grandes avanços científicos e tecnológicos. Graças aos satélites, hoje podemos acompanhar pela televisão, em tempo real, os acontecimentos em qualquer lugar do mundo. As viagens espaciais têm sido úteis como fontes de informação para a agricultura. Novas sementes são testadas no espaço. Através das imagens enviadas pelos satélites, podem ser identificadas as regiões que são economicamente viáveis para um determinado tipo de plantio e as épocas mais adequadas para a colheita. É possível também, mapear e conhecer as dimensões dos desmatamentos, ocorrência de queimadas nas florestas etc. Hoje podemos contar com previsões meteorológicas mais precisas, a partir das informações transmitidas pelos satélites.
A Primeira Missão Científica Espacial Brasileira
06:53
Atualidades, História, Missão Científica Espacial Brasileira, Trabalho Escolar, Trabalhos Escolares