AO INVÉS DE ou EM VEZ DE?
a) AO INVÉS DE = ao contrário de;
b) EM VEZ DE = em lugar de.
Sempre que houver a ideia de “troca, substituição”, devemos usar EM VEZ DE: “Ele foi à praia EM VEZ DE ir para a escola”.
Só podemos usar AO INVÉS DE se a substituição for entre coisas opostas: “Ele entrou à direita AO INVÉS DE entrar à esquerda”.
Carta de leitor: “Estava hoje lendo um livro traduzido do inglês para o português, quando me deparei com a frase: Em vez de... Pensei comigo: será que no original em inglês estava escrito instead of ? Aí veio a dúvida: mas então a tradução deveria ser ao invés de? Quando é que devo usar ao invés de e em vez de?”
Se podemos usar EM VEZ DE em qualquer tipo de substituição e só podemos usar AO INVÉS DE se forem coisas contrárias, deixo uma sugestão: em caso de dúvida, use EM VEZ DE. Assim, você não corre o risco de errar.
ANTIGUIDADE ou ANTIGÜIDADE?
O trema foi abolido. Isso significa que o seu uso não é mais obrigatório em palavras em que ocorrem os grupos qüe, qüi, güe e güi: freqüente, conseqüentemente, seqüestro, delinqüente, tranqüilo, qüinquagésimo, qüinqüenal, agüentar, enxágüem, averigüemos, lingüiça, pingüim, argüição, ambigüidade…
Segundo o novo acordo ortográfico, o correto agora é escrever sem trema: frequente, consequentemente, sequestro, delinquente, tranquilo, quinquagésimo, quinquenal, aguentar, enxáguem, averiguemos, linguiça, pinguim, arguição, ambiguidade…
A pronúncia continua a mesma.
O trema só era facultativo em palavras de dupla pronúncia: sanguinário ou sagüinário, liquidação ou liqüidação, antiquíssimo ou antiqüíssimo, antigüidade ou antiguidade…
Com a implantação do novo acordo ortográfico, a pronúncia continua facultativa, mas a grafia oficial é sem trema: ANTIGUIDADE.
Questões de regência
Mensagem de uma leitora: “Gostaria de saber se está correto dizer: ‘Até o mais ruim dos chocolates eu gosto’ ou ‘Até a comida mais ruim eu como’?”
Temos um problema de regência na primeira frase. O verbo GOSTAR pede a preposição DE. Isso significa que deveríamos dizer: “Até DO mais ruim dos chocolates eu gosto”.
Na segunda frase, a preposição não é necessária porque o verbo COMER é transitivo direto.
É interessante notar que nas duas frases temos o complemento verbal na posição de tópico, o que permitiria o uso de vírgulas: “Até do mais ruim dos chocolates, eu gosto” e “Até a comida mais ruim, eu como”.
CUIDADO COM A INTERNET
Mensagem eletrônica de um leitor: “Falando em manchetes. Tem aquelas duas clássicas: quando o João Gilberto jogou o violão em cima da plateia na década de 60 e um jornal deu VIOLADA NO SALÃO; e numa cidadezinha do interior um cachorro quente estragado intoxicou uma moça e apareceu CACHORRO FEZ MAL À MOÇA.”
É por causa disso que vivo afirmando que algumas frases precisam fazer o teste de DNA.
A bem da verdade, quem jogou o violão na plateia foi o cantor e compositor Sérgio Ricardo, e a tal manchete teria sido VIOLADA NO AUDITÓRIO.
Já o cachorro quente, mesmo fazendo mal, é melhor que hot dog.
O ou A personagem?
Apelo do leitor: “Gostaria que você confirmasse o gênero da palavra PERSONAGEM. Segundo o meu dicionário Aurélio, trata-se de um substantivo masculino e feminino. Ocorre que, constantemente, ouço atores e atrizes, em entrevistas, referirem-se à palavra no feminino mesmo tratando-se de personagens do sexo masculino?”
Na língua portuguesa, as palavras terminadas em –AGEM são naturalmente femininas: a lavagem, a folhagem, a contagem, a plumagem, a garagem, a aprendizagem, A PERSONAGEM (homem ou mulher)…
Com o passar do tempo, a palavra PERSONAGEM tornou-se “comum de dois gêneros”: O PERSONAGEM (homem) e A PERSONAGEM (mulher), O/A estudante, O/A artista, O/A colega, O/A jovem, O/A jornalista…
Não devemos, portanto, reduzir o caso à simples discussão de certo ou errado. Se você quer seguir a tradição, use A PERSONAGEM (para homens ou mulheres); se você aceita certas transformações pelas quais toda língua passa, prefira O PERSONAGEM masculino e A PERSONAGEM feminina.