Homônimas e Parônimas - Outras Palavras homônimas e parônimas - Língua Portuguesa



Palavras homônimas e parônimas

1. SERRAR ou CERRAR?

A frase é: “Serrou os olhos e adormeceu.”
O correto é: “Cerrou os olhos e adormeceu.”
Cerrar é “fechar”; serrar é “cortar”.
Essa frase me faz lembrar o dia em que certo comerciante ordenou a seus empregados: “Hoje, eu quero todas as portas da loja serradas às 18h.”
Foi prontamente atendido. No fim da tarde, todas as portas estavam pela metade.

2. DESPERCEBIDOS ou DESAPERCEBIDOS?

A frase é: “Muitos detalhes passaram desapercebidos.”
O correto é: “Muitos detalhes passaram despercebidos.”
Desapercebido (de conhecimentos linguísticos) está quem fala desse modo.
Despercebidos (= não percebidos) é derivado do verbo perceber (= notar, observar); desapercebidos (= não apercebidos) é derivado do verbo aperceber-se  (= tomar ciência, prover-se).
Sugiro que não se utilize a palavra desapercebido mesmo no sentido correto (= desprovido, quem não tomou ciência), pois dificilmente o leitor vai entender.
O importante, porém, é você não esquecer que, para aquilo que não se percebeu, o correto é despercebido.

3. DESCRIMINADO ou DISCRIMINADO?

A frase é: “Está tudo descriminado na nota fiscal.”
O certo é: “Está tudo discriminado na nota fiscal.”
Discriminar significa “segregar, separar…” Você não deve usar apenas no caso de “discriminação racial, social ou religiosa”. Numa nota fiscal, na qual os itens estão listados, na verdade eles estão separados, ou seja, discriminados.
Descriminar significa “deixar de ser crime, tirar o crime”. Quando de fala em “descriminar o aborto ”, não significa “discriminar” quem faz o aborto , e sim “inocentar” a mulher que faz o aborto (o aborto deixaria de ser crime).
Em vez do verbo descriminar, é frequente hoje o uso do verbo descriminalizar. É um neologismo que já aparece em nossos principais dicionários e que tem muita aceitação na área jurídica. Não me oponho ao fato de usarmos descriminalizar em substituição a descriminar, evitando assim uma possível confusão com o verbo discriminar.
O perigo é confundir descriminar ou descriminalizar com o verbo legalizar. Quando se fala na “descriminação ou descriminalização da maconha”, não significa tornar legal o comércio da maconha, e sim “inocentar” o usuário. Para que o traficante deixasse de ser um criminoso, seria necessária a “legalização da maconha”.

4. CONCERTO ou CONSERTO? e RATIFICAR ou RETIFICAR?

A frase é: “O automóvel está precisando de vários concertos.”
O certo é: “O automóvel está precisando de vários consertos.”
Se o automóvel está precisando de reparos, é porque precisa de consertos com “s”. Concertos com “c” são musicais, sinfônicos. Concerto significa “harmonia”; conserto é “correção, reparo, retificação”.
Por falar no assunto, é bom não confundir retificar com ratificar. Retificar é “corrigir, consertar”; ratificar significa “confirmar, comprovar”. Imagine o seguinte: um colega de trabalho é demitido porque cometeu uma infinidade de erros. Você é designado para o lugar dele e no seu primeiro relatório escreve: “Ratifico todos os erros do meu antigo companheiro”. Que é que vai acontecer? É isso mesmo: você vai “pra rua” também. Ora, “ratificando os erros” você estaria “confirmando os erros”. Não é nada disso. Na verdade, você corrigiu todos os erros, ou seja, você retificou. Cá entre nós, para quem possui automóvel, é uma vergonha confundir ratificar e retificar. Se você já enfrentou problemas no motor do seu carro, provavelmente procurou uma retífica, uma vez que “ratífica” não existe. Portanto, não esqueça: retificar é consertar com “s”.




Palavras homônimas e parônimas
qua, 16/06/10
por Sérgio Nogueira |categoria Dicas
5. MANDATO ou MANDADO? e CASSAR ou CAÇAR?

A frase é: “Invadiram o apartamento sem mandato de busca e apreensão.”
O certo é: “Invadiram o apartamento sem mandado de busca e apreensão.”
Muita gente boa confunde os parônimos (=palavras formalmente parecidas e com significados diferentes). É frequente a troca de mandado por mandato:
(a) Mandato significa “representação, delegação, poderes que os eleitores conferem aos vereadores, aos deputados, aos senadores, aos prefeitos, aos governadores e aos presidentes para os representar”. Daí, “O mandato do Presidente da República é de cinco anos”; “Querem cassar o mandato de três deputados federais”.
(b) Mandado é “o ato de mandar; ordem ou despacho escrito por autoridade judicial ou administrativa”. Portanto, uma ordem judicial é um mandado: “mandado de prisão, mandado de segurança, mandado de busca e apreensão…”
Outra confusão frequente é a história de “cassar o deputado”. Na verdade, o que se cassa é o mandato do deputado. Cassar significa “anular”; portanto, quando “se cassa o mandato do deputado”, é o “o poder de mando, a representação que os eleitores conferiram ao deputado” que está sendo “anulado, perdendo a validade”. E, para não perder a oportunidade, é sempre bom lembrar que há deputado merecedor não só de ter seu mandato cassado como também de ser literalmente “caçado”. Mas, isso é brincadeirinha. Diga não à violência.

6. EMIGRANTES ou IMIGRANTES ou MIGRANTES?

A frase é: “O desenvolvimento do sul do Brasil se deve muito à contribuição dos emigrantes alemães e italianos.”
O certo é: “O desenvolvimento do sul do Brasil se deve muito à contribuição dos imigrantes alemães e italianos.”
Quando nos referimos aos estrangeiros que vieram viver no Brasil, estamos falando de imigrantes (= o prefixo “i” dá a ideia de movimento “para dentro”); quando nos referimos aos brasileiros que foram viver no estrangeiro, estamos falando de emigrantes (= o prefixo “e” dá a ideia de movimento “para fora”). É o mesmo caso de importação e exportação: produto importado é o produto estrangeiro que veio para dentro do Brasil; produto de exportação é o produto brasileiro que vai para fora do Brasil.
Quando nos referimos ao nordestino que vai viver em São Paulo ou ao gaúcho que vai viver no Rio de Janeiro, estamos falando de migrantes. Chamamos de migração interna o deslocamento dentro de um mesmo país. A emigração (=para fora) e a imigração (=para dentro) ocorrem quando se atravessam fronteiras.
É bom lembrar também aquelas aves que, durante o inverno, saem do hemisfério norte e vêm para o hemisfério sul. São chamadas de aves migratórias, porque nos referimos somente ao deslocamento das aves e não ao fato de atravessar fronteiras. Não há o conceito de entrada ou saída. Ou, como prefere um amigo meu, as aves não precisam de passaporte nem de visto de permanência.

7. DESLOCAMENTO ou DESCOLAMENTO? e TAMPAR ou TAPAR?

A frase é: “O acidente lhe causou o deslocamento da retina.”
O certo é: “O acidente lhe causou o descolamento da retina.”
Retina não se desloca (=muda de lugar), e sim se descola (=deixa de ficar colada). Deslocamento é o “ato de deslocar”, isto é, “tirar do local”: “Sofreu um deslocamento da clavícula”; “O zagueiro foi deslocado pelo atacante”; “Estes servidores foram deslocados de suas funções originais”. Descolamento é o “ato de descolar”, ou seja, “despegar (aquilo que estava colado)”: “O selo descolou”; “A chuva causou o descolamento do papel que escondia a propaganda proibida”; “Devido ao tempo, a casca está descolando”.
Caso semelhante ocorre com os verbos tampar e tapar. Só tampamos alguma coisa quando pomos uma “tampa”: “É preciso tampar as garrafas, tampar as panelas, tampar os bueiros…” Segundo o dicionário Aurélio, tapar é “tampar, fechar, arrolhar, encher de qualquer coisa para fazer desaparecer (orifício), encobrir, esconder, ocultar…” Isso significa que não é errado dizer “tapar as garrafas, tapar as panelas, tapar os bueiros”. Tapar, de certa forma, é sinônimo de tampar. Teoricamente, tudo que se tampa também se tapa, mas nem tudo que se tapa se tampa, porque só tampamos quando usamos uma tampa. Quando enchemos um buraco com terra, nós estamos tapando o buraco. Só poderíamos tampar o buraco se puséssemos uma tampa em cima. Aquela pessoa que substitui outra numa emergência é um tapa-buraco, e não “tampa-buraco”.






5. MANDATO ou MANDADO? e CASSAR ou CAÇAR?

A frase é: “Invadiram o apartamento sem mandato de busca e apreensão.”
O certo é: “Invadiram o apartamento sem mandado de busca e apreensão.”
Muita gente boa confunde os parônimos (=palavras formalmente parecidas e com significados diferentes). É frequente a troca de mandado por mandato:
(a) Mandato significa “representação, delegação, poderes que os eleitores conferem aos vereadores, aos deputados, aos senadores, aos prefeitos, aos governadores e aos presidentes para os representar”. Daí, “O mandato do Presidente da República é de cinco anos”; “Querem cassar o mandato de três deputados federais”.
(b) Mandado é “o ato de mandar; ordem ou despacho escrito por autoridade judicial ou administrativa”. Portanto, uma ordem judicial é um mandado: “mandado de prisão, mandado de segurança, mandado de busca e apreensão…”
Outra confusão frequente é a história de “cassar o deputado”. Na verdade, o que se cassa é o mandato do deputado. Cassar significa “anular”; portanto, quando “se cassa o mandato do deputado”, é o “o poder de mando, a representação que os eleitores conferiram ao deputado” que está sendo “anulado, perdendo a validade”. E, para não perder a oportunidade, é sempre bom lembrar que há deputado merecedor não só de ter seu mandato cassado como também de ser literalmente “caçado”. Mas, isso é brincadeirinha. Diga não à violência.

6. EMIGRANTES ou IMIGRANTES ou MIGRANTES?

A frase é: “O desenvolvimento do sul do Brasil se deve muito à contribuição dos emigrantes alemães e italianos.”
O certo é: “O desenvolvimento do sul do Brasil se deve muito à contribuição dos imigrantes alemães e italianos.”
Quando nos referimos aos estrangeiros que vieram viver no Brasil, estamos falando de imigrantes (= o prefixo “i” dá a ideia de movimento “para dentro”); quando nos referimos aos brasileiros que foram viver no estrangeiro, estamos falando de emigrantes (= o prefixo “e” dá a ideia de movimento “para fora”). É o mesmo caso de importação e exportação: produto importado é o produto estrangeiro que veio para dentro do Brasil; produto de exportação é o produto brasileiro que vai para fora do Brasil.
Quando nos referimos ao nordestino que vai viver em São Paulo ou ao gaúcho que vai viver no Rio de Janeiro, estamos falando de migrantes. Chamamos de migração interna o deslocamento dentro de um mesmo país. A emigração (=para fora) e a imigração (=para dentro) ocorrem quando se atravessam fronteiras.
É bom lembrar também aquelas aves que, durante o inverno, saem do hemisfério norte e vêm para o hemisfério sul. São chamadas de aves migratórias, porque nos referimos somente ao deslocamento das aves e não ao fato de atravessar fronteiras. Não há o conceito de entrada ou saída. Ou, como prefere um amigo meu, as aves não precisam de passaporte nem de visto de permanência.

7. DESLOCAMENTO ou DESCOLAMENTO? e TAMPAR ou TAPAR?

A frase é: “O acidente lhe causou o deslocamento da retina.”
O certo é: “O acidente lhe causou o descolamento da retina.”
Retina não se desloca (=muda de lugar), e sim se descola (=deixa de ficar colada). Deslocamento é o “ato de deslocar”, isto é, “tirar do local”: “Sofreu um deslocamento da clavícula”; “O zagueiro foi deslocado pelo atacante”; “Estes servidores foram deslocados de suas funções originais”. Descolamento é o “ato de descolar”, ou seja, “despegar (aquilo que estava colado)”: “O selo descolou”; “A chuva causou o descolamento do papel que escondia a propaganda proibida”; “Devido ao tempo, a casca está descolando”.
Caso semelhante ocorre com os verbos tampar e tapar. Só tampamos alguma coisa quando pomos uma “tampa”: “É preciso tampar as garrafas, tampar as panelas, tampar os bueiros…” Segundo o dicionário Aurélio, tapar é “tampar, fechar, arrolhar, encher de qualquer coisa para fazer desaparecer (orifício), encobrir, esconder, ocultar…” Isso significa que não é errado dizer “tapar as garrafas, tapar as panelas, tapar os bueiros”. Tapar, de certa forma, é sinônimo de tampar. Teoricamente, tudo que se tampa também se tapa, mas nem tudo que se tapa se tampa, porque só tampamos quando usamos uma tampa. Quando enchemos um buraco com terra, nós estamos tapando o buraco. Só poderíamos tampar o buraco se puséssemos uma tampa em cima. Aquela pessoa que substitui outra numa emergência é um tapa-buraco, e não “tampa-buraco”.