Próclise, mesóclise e ênclise - Pronomes átonos - Dicas de Português



Próclise, mesóclise e ênclise

 Trata-se da correta colocação dos pronomes átonos.

Vamos tirar algumas dúvidas a respeito desse assunto.

COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Introdução:
Os pronomes átonos ( = ME, TE, SE, O, A, LHE, NOS, VOS, OS, AS, LHES) podem ocupar três posições:

1. antes do verbo = PRÓCLISE;
2. depois do verbo = ÊNCLISE;
3. meio do verbo = MESÓCLISE.

Os pronomes átonos são “fracos” na pronúncia. Por serem átonos, unem-se ao verbo. Não há hífen na próclise, porque a “união” é maior na ênclise. Em razão disso, na sintaxe lusitana, a preferência é a ênclise. No Brasil, a preferência é a próclise.

1. NOS REUNIMOS ou REUNIMO-NOS ontem com o diretor?Segundo a sintaxe portuguesa, não devemos usar o pronome átono no início da frase, embora seja muito comum no Brasil: O certo é “REUNIMO-NOS ontem com o diretor”.

Vejamos outros exemplos:
“Dá-me um cigarro.”
“Encontramo-nos com os alemães.”
“Tratando-se de dinheiro, não há discussão.”

Se você considera a forma REUNIMO-NOS pedante ou artificial, sugiro que ponha o sujeito antes do verbo e use a próclise: “Nós NOS REUNIMOS…”

Em textos formais, é recomendável evitar frases típicas da linguagem coloquial brasileira: “ME considero candidato”, “SE sente deprimida”…

Podemos usar: “Considero-ME candidato” ou “Eu ME considero candidato”;
“Sente-SE deprimida” ou “Ela SE sente deprimida”.

2. Eu O ENCONTREI ou ENCONTREI-O na praia?
Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.
É preferível a próclise sempre que o sujeito aparece antes do verbo:
“O diretor SE RETIROU mais cedo (ou retirou-se).”
“Ela LHE ENTREGOU os documentos (ou entregou-lhe).”
“O proprietário ME OFERECEU um cargo em sua
empresa (ou ofereceu-me).”

3. Eu não LHE DISSE ou DISSE-LHE a verdade?
O certo é: “Eu não LHE DISSE a verdade.”
Quando há uma palavra de sentido negativo ( = não) antes do verbo, devemos usar a próclise.
A próclise ( = pronome átono antes do verbo) é recomendável nos seguintes casos:
a) com palavra negativa: não, nunca, jamais, nada, ninguém:
“Nada ME preocupa mais do que isso.”
“Ninguém NOS perturba tanto quanto os governantes.”
b) com alguns conectivos: que, se, quando, embora, porque:
“Ele lhe disse que OS dispensaria logo.”
“Quando SE trata de política, devemos ter cautela.”
“Caso TE ofendam, tem paciência.”
c) com alguns advérbios (sem pausa): sempre, já, ainda, agora, talvez:
“Sempre NOS encontramos aqui.”
“Ele já LHE disse tudo.”
“Isto talvez ME seja útil.”
d) com pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos:
“Foi ele quem O avisou.”
“Aqui está o livro que TE emprestaram.”
“Isto NOS é desfavorável.”
“Todos A criticaram muito.”
“Alguém NOS viu quando chegamos.”
e) em frases interrogativas:
“Quem LHES enviou os documentos?”
“Quando NOS encontraremos novamente?”
“Como TE sentes?”
f) em frases exclamativas ou optativas:
“Como VOS respeitam!”
“Quanto TE odeiam!”
“Deus O abençoe!”
“Macacos ME mordam.”
g) com verbo no gerúndio antecedido da preposição EM:
“Em SE plantando, tudo dá.”
“Em SE fazendo dia, partirei.”
h) com formas verbais proparoxítonas:
“Nós O censurávamos.”
“Nós A encontráramos antes de ele chegar.”

Teste da semana:

Assinale a opção que completa corretamente a frase “Verifique se os programas estão ________ pois __________, no decreto, a exigência de formação e treinamento dos futuros chefes.”

a) certo / está implícito;
b) certo / estão implícitos;
c) certos / está implícita;
d) certo / está implícita;
e) certos / está implícito.

Resposta do teste:
Letra (c). O que está CERTO são os programas e o que está IMPLÍCITO é a exigência. Portanto, o correto é “os programas estão CERTOS” e “está IMPLÍCITA a exigência”.