RATO
Os ratos, animais adaptados ao habitat criado pelo homem, aproveitaram as condições que as cidades proporcionam para sua sobrevivência.
Rato é o nome aplicado indistintamente a vários roedores de pequeno porte e de diferentes famílias. De modo mais específico, o termo designa qualquer das mais de 500 espécies identificadas do gênero Rattus, da família dos murídeos, chamados também ratos-domésticos, de pêlo macio, mas também os ratos-do-mato, de pêlo duro, das famílias dos cricetídeos e dos equimiídeos.
Os ratos-domésticos são considerados no Brasil espécies invasoras. As espécies mais prejudiciais são a ratazana ou rato-de-esgoto (Rattus norvegicus) e o rato-preto (R. rattus), ambas originárias da Ásia. Mais corpulenta, a ratazana mede cerca de vinte centímetros, sem contar a cauda, de 18cm de comprimento; sabe nadar e cava abrigos. O rato-preto, que mede cerca de 16cm e tem a cauda mais longa do que o corpo, com até 19cm, é capaz de grandes saltos e de escalar paredes. Quando as duas espécies vivem na mesma área, ocupam diferentes habitats. Num edifício, por exemplo, a ratazana tende a ocupar os andares inferiores, e o rato-preto os mais altos.
O rato-preto invadiu a Europa já na época das cruzadas, senão antes, mas só no século XVIII a ratazana surgiu no mesmo cenário. A ratazana adapta-se em toda parte e reproduz-se rapidamente: a fêmea engravida até dez vezes por ano e suas ninhadas contam entre oito e vinte filhotes, os quais podem procriar antes dos quatro meses de idade. Como a ratazana, o rato-preto também procria várias vezes por ano e dá ninhadas de quatro a dez filhotes, após um período de gestação de 18 a 20 dias. Com dois meses de idade, e às vezes menos, os novos indivíduos já se reproduzem. O camundongo (Mus musculus), com nove centímetros da ponta do focinho à base da cauda, que tem o mesmo comprimento do corpo, pertence à família dos murídeos e é numeroso em quase todo o Brasil, mas não causa tantos prejuízos quanto as espécies do gênero Rattus.
Devoradores de tudo quanto é comestível, desde cereais e frutas até carne em decomposição, os ratos chegam mesmo a se entredevorarem. O que os torna perigosos para o homem, contudo, é o fato de serem portadores de germes de graves enfermidades, como a peste bubônica, o tifo e a triquinose. A famosa peste negra da Europa, em meados do século XIV, e as epidemias de peste bubônica, no começo do século XX, foram devidas a uma excessiva propagação de ratos.
Os ratos são combatidos sem trégua pelo homem, sobretudo em épocas de epidemias. Os processos mais correntes para exterminá-los são os venenos e as ratoeiras. Os problemas que os ratos criam para o homem são compensados, porém, de certa forma, pelo serviço que prestam nos laboratórios, principalmente os ratos-brancos das variedades albinas, que servem de cobaias para testes e aplicações de substâncias de efeitos ainda não conhecidos.
Em certas regiões brasileiras, as espécies conhecidas como ratos-do-mato constituem pragas temporárias pela enorme capacidade de multiplicação. O controle desse excesso de natalidade fica em geral a cargo dos inimigos naturais, como furões, cobras, corujas e demais aves de rapina.